Extra: A 17 dias da final da Libertadores, a estratégia do Flamengo para ter força
máxima contra o Palmeiras passa por deixar o Brasileiro em segundo plano.
Embora a diretoria tenha subido o tom nas críticas sobre a arbitragem após
mais um tropeço, internamente o clube foca em um trabalho de recuperação que,
no limite, prioriza ter os 11 titulares em boas condições físicas para jogar
90 minutos em alta intensidade no dia 27.
Em função dessa preparação, que aposta em um conjunto mais entrosado, e no
retorno de Arrascaeta, o técnico Renato Gaúcho é absolvido no departamento de
futebol pela total falta de padrão de jogo nas últimas partidas. Há incômodo
com os resultados, com o trabalho em si de toda a comissão e departamento
médico, mas os problemas são ignorados por um bem maior: o tricampeonato da
América.
Sob pressão, o planejamento prevê que jogadores lesionados sejam recuperadods
e adquiram ritmo de jogo até a final. E que os mais desgastados, mas sem
problemas musculares, se desdobrem até o limite, quando serão preservados. No
primeiro exemplo, encaixa-se especialmente David Luiz. O zagueiro deve
retornar contra o Bahia, e atuar de preferência nos confrontos no Rio, para
que evite o desgaste da viagem e faça trabalhos regenerativos no Centro de
Treinamento do clube.
O jogador voltou a atuar após 40 dias na última sexta, vindo de lesão, e
depois de atuar por 90 minutos pela primeira vez foi preservado contra a
Chapecoense. O mesmo aconteceu com o goleiro Diego Alves e em jogos anteriores
com o zagueiro Rodrigo Caio. Ainda em recuperação de lesão, Pedro, Filipe Luis
e Arrascaeta passarão pelo mesmo processo. Farão um trabalho minucioso, com
cada etapa de recuperação prolongada, acompanhados de perto por
fisioterapeutas, preparadores físicos e pelo técnico Renato Gaúcho.O controle
de carga contou pontos a favor do departamento de saúde do Flamengo, muito
criticado. O próprio David Luiz saiu em defesa do setor publicamente.
Depois da lesão de vários atletas, o Flamengo adotou mais cautela para
liberá-los para os jogos, sobretudo próximo da final da Libertadores. David
Luiz, por exemplo, disputou diversos coletivos e fez mais de uma dezena de
treinos com bola junto ao elenco antes de voltar a jogar contra o Atlético-GO.
Jogou sexta e treinou sábado, domingo, segunda e terça para ficar à disposição
contra o Bahia, no Maracanã, amanhã. Até pela idade, o jogador requer uma
recuperação mais detalhada após os jogos, e para isso lança mão dos
equipamentos de última geração do Ninho do Urubu, como a câmera hiperbárica e
botas de descompressão.
Já Arrascaeta, que completou dois meses da lesão na coxa sofrida pelo Uruguai,
deve iniciar a transição para a parte física nos próximos dias. A ideia é que
o meia dispute alguns jogos pelo Brasileirão antes da final da Libertadores.
Fora da convocação para as Eliminatórias, o jogador não atua há dez partidas
no Flamengo e também não deu indícios de voltar contra o Bahia.
No microfone
Figuras responsáveis pelo dia a dia do futebol do Flamengo, o vice de futebol
Marcos Braz e o diretor Bruno Spindel fizeram, juntos, o papel que no próprio
clube se esperava do presidente Rodolfo Landim. Afinaram discurso contrário
aos erros de arbitragem, reconheceram a queda de produção da equipe, e
mantiveram a blindagem ao trabalho do técnico Renato Gaúcho. Depois do
tropeço, o muro do Ninho do Urubu foi pichado com xingamentos ao técnico e à
diretoria.
– Se não tivesse mantido já tinha anunciado lá. Se tivesse acontecido alguma
coisa diferente geralmente se anuncia depois do jogo – disse o
vice-presidente, desconfortável com o questionamento. O contrato de Renato
Gaúcho acaba em dezembro e não há conversas para a renovação.
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Imagem: Marcelo Cortes
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