Por Diogo Dantas | Extra:
A dificuldade tática do Flamengo na ausência de dois de seus principais
jogadores ficou ainda mais evidente com o elenco desgastado pelo excesso de
jogos. Mas quais soluções o técnico Renato Gaúcho pode encontrar sem tempo
para treinamento ideal e sem Bruno Henrique e Arrascaeta, ao menos diante do
Fluminense, neste sábado, pelo Campeonato Brasileiro?
Segundo o ex-jogador e comentarista do SporTV Grafite, a tarefa é árdua. E
pode estar em lapidar ainda mais Michael para furar defesas e conseguir
acertar o último passe.
- Sem Bruno Henrique e Arrascaeta o Flamengo fica um time normal. Os caras são
diferentes. Arrascaeta mesmo que não mantenha o mesmo nível todo jogo, acha
uma bola, transforma o jogo. Bruno Henrique é o melhor jogador disparado do
time. O cara da bola aérea. Muito vertical, pisa na área, evoluiu muito -
analisou Grafite, antes de entrar na questão tática.
Para o ex-centroavante, é preciso ser realista de que Renato não tem tempo
para treinar, e os jogos trepados, com partidas a disputar atrasadas,
prejudica a vida do Flamengo no fim de temporada. Grafite defende que o
treinador aprimore as jogadas de ataque no último terço do campo, contra
equipes fechadas, situação em que o Flamengo vive apuro constante.
- Renato poderia treinar variantes de jogada no último terço. Aperfeiçoar o
Michael no último passe. As tomadas de decisão dele são precipitadas, erra
mais que acerta. Poderia trabalhar jogadas com os laterais. Filipe Luís não
tem chegado tanto, nem para fazer o passe para o meio. Falta isso para o
Renato. Flamengo tem qualidade por natureza, ele não precisa colocar muita
coisa, tem entrosamento e qualidade. Mas na ausência dos principais jogadores,
falta o Renato ter variações ofensivas - analisou o comentarista.
O Flamengo ainda pode ficar sem Gabigol para o Fla-Flu deste sábado. O
atacante sofreu uma torção no tornozelo. A tendência é que Pedro forme o
ataque com Michael e Éverton Ribeiro. Mais uma formação diferente na sequência
de jogos com desfalques e convocações. Para Grafite, a perda do entrosamento
faz o Flamengo não ter uma organização ofensiva que flua com naturalidade
quando tem todo o time titular já acostumado a movimentos automáticos.
- Quando as coisas não fluem naturalmente, tem dificuldades. O Flamengo
precisa de variedade de jogada. Quando pega time encaixado, sem espaço, tem
dificuldade. Como contra o Cuiabá, Athletico-PR. Mesmo sendo superior, não
conseguiu demonstrar isso em termos táticos e técnicos - finalizou o
comentarista.
O analista tático Bruno Pet atenta para outro fator tático que depõe mais
contra os jogadores do que contra o treinador, mas cabe a Renato observar. No
primeiro jogo contra o Juventude, jogou Pedro, com Andreas adiantado. Em
seguida, Gabigol volta contra Cuiabá e Athletico-PR. E a combinação dos
jogadores não gerou o efeito esperado de presença de área.
- Quando o Gabigol joga com Arrascaeta e Bruno Henrique, eles compensam o
Gabigol sair para circular. Se o centroavante recuou, alguém tem que
compensar, entrar em profundidade. Contra o Juventude, jogou o Pedro. E o
Andreas não tem cacoete de entrar na área. Nem o Michael, que não tem jogada
aérea. Quando joga o Andreas na do Arrascaeta e o Michael na do Bruno
Henrique, é importante ter o Pedro em campo. Ele baixa mais, faz mais pivô.
Quando volta o Gabigol, a característica muda. Quando ele sai da área para
receber o jogo por fora, ninguém compensa -
O lance em que Michael dribla três jogadores pelo lado direito, não tem
ninguém na área para receber o cruzamento. Do primeiro ao terceiro drible. Ao
fim do último, Gabigol aparece do outro lado da área. Bruno Pet diz que Renato
precisa entender essa situação e fazer ajustes.
- Essas compensações não estão acontecendo. Isso dificulta a criar chance de
gol. Se não tem profundidade, não avança no campo. Pedro dá isso. Então, é uma
questão de característica, mais que o trabalho do treinador. Ele tem a
obrigação de entender e fazer modificações. E isso não aconteceu nem contra o
Cuiabá nem contra o Athletico-PR.
Diante das duas equipes, houve uma estratégia de fechar o centro da área e dar
o lado do campo. Assim, o Flamengo rodava em volta do bloco de marcação, e não
acertava o passe final. Como não há tempo para treinar, os movimentos não
foram coordenados, e por característica os atletas não desempenharam a função
de forma a criar situações de gol.
- Dar os lados do campo para Gabigol, Michael, Andreas e Éverton Ribeiro,
nenhum deles é de área. Não vai encontrar oportunidade. Só em lances para
trás, como no gol que o Thiago Maia perdeu. Esse mecanismo deve ser utilizado
de forma que o treinador dê as ferramentas para que os jogadores façam
funcionar. Só não jogo tudo nas costas do Renato. Sem tempo para treinar é
difícil - explicou Bruno Pet.
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Imagem: Marcelo Cortes