Por Bruno Marinho | Extra:
Faz parte da fama de Renato Gaúcho como técnico a capacidade de recuperar
jogadores em baixa. Seus quatro anos e sete meses no Grêmio produziram uma
extensa lista de “reabilitados”: ela vai de Bruno Cortez a Jael, passa por
Maicon e Diego Souza, conta com Lucas Barios e Edilson. No Flamengo, os
primeiros que podem passar por essa guinada pelas mãos do treinador são
Michael e Vitinho, destaques na goleada sobre o Grêmio, pela Copa do Brasil.
Não se trata simplesmente de oferecer a eles mais minutos em campo, e sim de
torná-los mais importantes para o Flamengo quando o time precisa deles.
Levantamento do “Espião Estatístico”, do site ge, mostra a subida de patamar
de Vitinho. Na temporada, ele saiu de uma média de um gol ou assistência a
cada 171 minutos em campo com Rogério Ceni para um gol ou assistência a cada
38 minutos desde que Renato foi contratado.
Michael é um caso até mais emblemático do que o de Vitinho, apesar de seus
números diretamente relacionados a gols ainda não terem evoluído da mesma
maneira — o camisa 19 acumulava um gol ou assistência a cada 150 minutos em
campo com Ceni e esse número agora é de um gol ou assistência a cada 199
minutos. O atacante muitas vezes foi marcado pelos erros nas tomadas de
decisões, nos passes. Com Renato, isso tem dado sinais de mudança. De acordo
com o site Sofascore, em quatro das oito últimas partidas do Flamengo em 2021
Michael conseguiu percentual de passes certos maior do que sua média na
temporada.
Quarteto menos presente
Outro atributo de Renato está diretamente ligado a essa capacidade do
treinador de recuperar jogadores de prestígio mais baixo no elenco. O técnico
consegue estabelecer boas relações interpessoais, faz uso do conhecido carisma
no vestiário, e, na base da conversa, tenta identificar dificuldades e apontar
soluções.
— Alguns jogadores estavam sendo contestados. Eu acho que acima de tudo é
preciso conversar com o jogador, entender o problema dele, dar moral, dar
confiança — afirmou após a goleada sobre o Grêmio.
Vitinho e Michael se beneficiam de um fenômeno visível neste Flamengo que foi
montado em 2019 e que, dois anos depois, segue com uma espinhal dorsal de oito
jogadores intacta: muitos desses intocáveis, a cada temporada, tem jogado
menos pelo rubro-negro, abrindo brechas para os reservas, em bom momento,
brilharem.
O quarteto ofensivo tem rareado em campo com o passar do tempo pelos mais
diversos motivos: são convocados para seleções, poupados para minimizar o
desgaste físico, suspensos ou então saem da equipe devido a lesões.
Everton Ribeiro, que em 2019 esteve em campo em 72% dos minutos possíveis, em
2021 jogou 52%. Arrascaeta foi de 55% para 49%. Bruno Henrique baixou de 73%
em 2019 para 60% neste ano, e Gabigol teve a queda mais acentuada: de 74% dos
minutos em 2019 para 52%. Tudo isso para mostrar que Michael e Vitinho tendem
a ser cada vez mais importantes para a equipe rubro-negra ao longo da
temporada.
E o Flamengo se prepara para depender cada vez menos de seus titulares. Quando
comparado a 2019, o banco de reservas atual oferece um leque mais variado de
opções. Michael e Vitinho entraram e resolveram em Porto Alegre enquanto
Renato Gaúcho ainda tinha à disposição nada menos que Pedro e Andreas Pereira,
que fez sua primeira aparição entre os relacionados.
O próximo será Kenedy. Ele desembarcou no Brasil nesta sexta-feira e será
apresentado em São Paulo às 11h30. O atacante, emprestado pelo Chelsea por uma
temporada, testou negativo para a Covid-19 e só depois disso foi autorizado a
deixar Londres. Ele estava de quarentena na cidade após dar positivo para o
vírus.
Mesmo regularizado, ele não será relacionado para a partida contra o Santos,
sábado, na Vila Belmiro. Depois da apresentação na capital paulista, seguirá
para o Rio. Ele deve estrear contra o Palmeiras, dia 11.
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Imagem: Alexandre Vidal