Desde a saída de Jorge Jesus em julho de 2020, a diretoria do Flamengo
enfrenta um grande desafio: encontrar um novo líder para o grupo, que seja
capaz de repetir - ou, pelo menos, chegar perto - do sucesso do português.
Após passagens de Domènec Torrent e Rogério Ceni, que foram marcadas pela
instabilidade, o clube tem uma nova aposta para a missão: Renato Gaúcho.
Antes de tudo, é preciso esclarecer que a diretoria do Flamengo teve muito
mérito na escolha de Jorge Jesus, em maio de 2019, e no período em que o
treinador esteve à frente do clube. Os passos seguintes dos dirigentes, no
entanto, levantam a dúvida se a chegada do português para substituir Abel
Braga foi resultado de um profundo trabalho de análise ou se foi uma
oportunidade de mercado que surgiu na época e ganhou o voto de confiança.
O questionamento torna-se ainda mais presente pela diferença nos processos de
escolha e nos estilos de cada treinador contratado na gestão Landim. Sucessor
imediato de Jesus, Dome passou por um longo processo seletivo antes de ser
escolhido e, de antemão, deixou claro que tinha um modelo de jogo - e de
comando - totalmente diferente do português. No fim das contas, o espanhol
nunca foi unânime acabou demitido em apenas quatro meses.
Em seguida, a diretoria optou por uma ação mais rápida e tirou Rogério Ceni do
Fortaleza para assumir o Flamengo no meio da temporada 2020. Apesar de manter
a ofensividade, o time passou novamente por uma mudança brusca na forma de
jogar. Assim como Dome, o brasileiro não tinha tanta experiência como técnico,
mas era visto como possível solução para os problemas.
É verdade que Ceni teve uma passagem vitoriosa pelo Flamengo e não pode ser
considerado um fracasso. Com ele, o clube conquistou três títulos de cinco
possíveis: Brasileiro, Supercopa e Carioca. O comando no dia a dia e a gestão
do grupo, no entanto, nunca chegaram perto do que era feito por Jorge Jesus.
Simplesmente porque os dois têm estilos diferentes.
Agora com Renato Gaúcho, a diretoria repete o processo rápido de decisão
(igual ao de Ceni) e aposta na experiência e no estilo centralizador dele para
gerir o elenco repleto de estrelas (como ocorreu com Jesus). Livre no mercado,
o treinador foi visto como a opção mais viável diante da delicada situação
financeira e do calendário apertado do futebol brasileiro.
A manutenção de um estilo de jogo, por outro lado, parece ter sido deixada de
lado na escolha, visto que os últimos times comandados por Renato jogavam de
forma relativamente diferente ao que o atual Flamengo está habituado. Assim
como foi nas últimas três transições de técnico, o Rubro-Negro está prestes a
passar por uma reformulação na forma de jogar.
Sem julgamento de quem é melhor ou pior, a atual diretoria do Flamengo chega
ao quinto treinador desde janeiro de 2019. Muita coisa mudou desde a escolha
por Abel Braga, mas a falta de semelhanças em cada decisão assusta e levanta o
questionamento sobre o processo adotado nesse momento tão crucial para o
futuro do clube. Resta esperar para saber se Renato Gaúcho repetirá o sucesso
absoluto de Jesus ou se terá fim parecido com os demais.
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Fonte: https://www.lance.com.br/flamengo/com-renato-gaucho-diretoria-opta-por-novo-estilo-tenta-provar-que-jesus-nao-foi-caso-isolado.html
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