A desistência da contratação de Rafinha foi notícia mais importante no
Flamengo do que a goleada protocolar do time reserva sobre o Resende por 4 a 1
no Carioca. Para não fugir do orçamento, a diretoria optou por não repatriar o
lateral de 35 anos.
A decisão não é certa ou errada. É a única possível para um clube com dívidas
equacionadas e que trouxe o chileno Mauricio Isla recentemente para repor a
saída do próprio Rafinha para o Olympiacos, em agosto. Em tempos de pandemia e
perda de receitas é isso ou começar a sair do trilho.
Até o Palmeiras, com cofres mais recheados pelas premiações de Libertadores e
Copa do Brasil, teve que encerrar as negociações com o colombiano Rafael
Borré, do River Plate. O cenário não é para ousadias mesmo.
Por isso é hora de olhar para dentro do elenco e buscar soluções. No Flamengo,
Isla não terminou bem a temporada 2020. Muitas falhas defensivas e pouca
efetividade no apoio, até porque a jogada de ultrapassagem com Everton Ribeiro
ficou "manjada" pelos adversários. É a opção de amplitude e profundidade pela
direita. Função importante, mas não vem sendo executada com tanta competência.
Rogério Ceni gosta de jogadores "cascudos". Já deixou claro isso em
entrevistas, inclusive a concedida ao Mauro Cezar Pereira, aqui no UOL
Esporte, no semanal "Dividida". Elogiou muito Leo Pereira - zagueiro que
permanece no clube, enquanto Natan foi negociado com o Red Bull Bragantino - e
menosprezou o bom desempenho dos garotos quando foram chamados à
responsabilidade no surto de Covid-19. Elogios apenas a João Gomes e Pepê, que
ganharam mais oportunidades justamente com Ceni.
Matheuzinho foi "puxado" por Domènec Torrent, mas não tem que pagar pela
vaidade do atual treinador, que chegou até a improvisar Renê pela direita
contra o Racing na Argentina. O jovem já entregou duas assistências para
Rodrigo Muniz no estadual e, aos 20 anos, tem muito lastro para evoluir.
Também precisa ajustar o posicionamento defensivo, mas carrega menos "vícios"
de ala que Isla.
Também é mais jogador que João Lucas, lateral contratado ao Bangu em 2019 que
nunca justificou o investimento. Conviveu com lesões e Ceni resgatou no jogo
contra o Internacional no Maracanã. Teve algumas dificuldades nos duelos com
Patrick, mas depois não complicou, aproveitando o cansaço do adversário e a
desvantagem numérica do Colorado desde a expulsão de Rodinei, no início do
segundo tempo.
Se as datas FIFA forem cumpridas no calendário, é bem possível que Isla tenha
que se ausentar muitas vezes para servir à seleção do Chile. Sem contratações
para o setor, Ceni será obrigado a olhar para Matheuzinho. Como ontem, no
Maracanã, assistindo a equipe comandada à beira do campo por Mauricio Souza
atacar forte pela direita. É o que resta, gostando ou não.
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Fonte: https://www.uol.com.br/esporte/colunas/andre-rocha/2021/03/20/sem-volta-de-rafinha-ceni-e-obrigado-a-olhar-para-matheuzinho-no-flamengo.htm
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