Antes de definir Lima como sede, River sugeriu Uruguai e Flamengo, Porto Alegre



A capital do Paraguai, Assunção, não chegou a ir para a mesa de negociação na fatídica reunião que definiu Lima, no Peru, como nova sede da final da Libertadores. Embora aventada, inclusive pela Conmebol, o governo paraguaio não sinalizou que atenderia aos pedidos da entidade para sediar o evento no que concerne a segurança pública. Além disso, a rede hoteleira da cidade já se mostrava incapaz de abrigar a final em número de vagas. As disponibilidades de quartos não atenderiam sequer os compromissos com patrocinadores.


Como a entidade não tinha um plano C estruturado, as opções foram sendo discutidas ao longo da reunião, partindo praticamente do zero. Quando Lima já era anunciada como a nova sede, pela imprensa, os presentes à reunião ainda não haviam recebido a resposta do presidente da Federação Peruana de Futebol (FPF) Manuel Seoane.

Como de praxe nestas reuniões da Conmebol, todos os presentes - presidentes de Flamengo e River, enviados da CBF e representantes da Conmebol - tiveram de entregar seus celulares na chegada e só retiraram na saída. O procedimento é para evitar vazamentos, o que não adiantou. O blog conversou com todas as partes envolvidas para entender os diversos momentos da reunião. Veja abaixo:


- Fotos e vídeos: a reunião teve início com a Conmebol apresentando fotos e vídeos de manifestantes e de confrontos em Santiago, flagrados na véspera. A entidade sustentou que a final não era mais viável no Chile, entre outros motivos, porque grandes patrocinadores do evento estavam declinando de ações de marketing e de levarem seus convidados. Temiam terem ônibus apedrejados, queimados e impedidos de chegarem às diversas atividades que compõem a ocasião. Além do jogo, em si, ações como as chamadas fan fests, partidas comemorativas entre times de masters de River e Flamengo, jantares e almoços estariam comprometidos.

- Flamengo cogitou dois jogos: antes de iniciar a discussão, o Flamengo pediu a palavra para verificar se havia a possibilidade de mudar o conceito do evento, isto é, voltar a ter dois jogos, um no Monumental, em Buenos Aires, e outro no Maracanã. Mas ouviu que isso não estava sendo cogitado e não era possível mudar o conceito. Diante do cenário, passou a ouvir as propostas.


- River queria Uruguai: a sugestão dos argentinos era que a partida fosse em Montevidéu, no Uruguai. A alegação oficial é que a capital uruguaia tem clima mais ameno e seria bom para as duas equipes, além de ter estrutura. A desconfiança dos brasileiros era de que os adversários queriam tirar vantagem pela proximidade do país com a Argentina, o que facilitaria o acesso de seus torcedores. A proposta não foi adiante por contrariedade dos rubro-negros.

- Flamengo retrucou sugerindo Porto Alegre: diante da tentativa de levar o jogo para o "domínio argentino", dirigentes do Flamengo sugeriram Porto Alegre, sob a argumentação de que a capital gaúcha é mais próxima da fronteira com a Argentina do que com o Rio de Janeiro. Os argentinos negaram e ao responderem ainda colocaram na mesa as recentes críticas do presidente Jair Bolsonaro ao recém eleito presidente argentino, Alberto Fernandez. A ideia não foi adiante.


- Patrocinadores saíram no lucro: com a mudança, os patrocinadores acabaram sendo mais bem atendidos. O Monumental, de Lima, se dispôs a ceder parte de seus camarotes próprios aos patrocinadores. No Estádio Nacional, do Chile, este tipo de ingresso era bastante reduzido. O estádio estava sendo, inclusive, reformado para atender aos pedidos de empresas e também para atender às necessidades da imprensa.

- Hotel do doping de Guerrero: a divisão de hotéis entre River e Flamengo dá preferência de escolha ao rubro-negro, por ser mandante. O hotel preferido pelas delegações já não tem vagas, o Hilton Miraflores. Entre as opções que estavam sendo avaliadas, estava o hotel em que o ex-atacante rubro-negro Paolo Guerrero esteve hospedado com a seleção peruana, no famoso episódio em que acabou contaminado, segundo sua defesa, por um chá contendo resquícios de cocaína. O Flamengo acabou optando, não por este motivo, por outro, o Hyatt Centric.


- Centros de Treinamento: o Flamengo usará as instalações da Federação Peruana de Futebol ou do Alianza Lima para treinar. Serão apenas dois treinos na cidade, quinta e sexta. A delegação rubro-negra viaja na quarta-feira, mas antes, treina no Ninho do Urubu.

- Avião da CBF: se as relações entre Flamengo e CBF ficaram estremecidas com o episódio da negativa em liberar o atacante Reinier para a seleção sub-17 durante o Mundial, já é algo superado. O presidente do rubro-negro, Rodolfo Landim, e o vice de Relações Externas, Luiz Eduardo Baptista, voaram para o Paraguai a bordo do avião da CBF, a convite do presidente Rogério Caboclo e do vice Fernando Sarney.


Fonte: https://globoesporte.globo.com/blogs/blog-da-gabriela-moreira/post/2019/11/06/politica-e-geografia-em-jogo-river-sugeriu-uruguai-e-flamengo-porto-alegre-os-bastidores-da-reuniao-em-que-bolsonaro-e-presidente-argentino-foram-citados.ghtml

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