Fantasmas renascem, Fla abusa de erros e nova eliminação fica por um fio


"Sem dúvida, no ano, essa foi uma das partidas em que tivemos o menor aproveitamento". A frase do técnico Zé Ricardo explica mais ou menos a atuação do Flamengo na vitória por 2 a 1 sobre o Atlético-GO, na última quarta-feira, no Serra Dourada, que garantiu a classificação para as quartas de final da Copa do Brasil. Apesar da vitória, o Rubro-Negro, que estaria eliminado com qualquer derrota, sofreu bastante e quase repetiu o pesadelo da eliminação da Libertadores, vivido há uma semana e ainda muito fresco na memória dos jogadores, da comissão técnica e da torcida.

Tudo parecia correr tranquilamente bem. Afinal, se no fim de semana o Flamengo fez 3 a 0 no Atlético-GO pelo Campeonato Brasileiro, por que passaria dificuldade? Enganou-se quem assim pensou. Pressionado pela queda para o San Lorenzo na Argentina e a possibilidade de uma nova eliminação precoce, o Flamengo viu antigos fantasmas reviverem, falhas defensivas quase se tornarem gols adversários e os donos da casa desperdiçarem chances claras que aumentariam a ferida rubro-negra.

O time comandado por Zé Ricardo abriu o placar logo no início da partida de volta das quartas de final da Copa do Brasil, mas o gol, por incrível que pareça, não ajudou. Com a vantagem de poder até empatar àquela altura, por causa do 0 a 0 em casa, o Flamengo recuou e ficou acuado diante do Atlético-GO - muito mais por causa de falhas próprias do que por méritos dos goianos. Os erros de passe, por exemplo, tomaram conta das tentativas frustradas de saída de bola dos visitantes.

O Rubro-Negro, durante boa parte do confronto, viveu assim: tentava sair jogando, errava, era ameaçado, quase sofria o gol, recuperava a bola e dava chutão. Os volantes Márcio Araújo e Willian Arão não encontravam os laterais. Ederson, na criação, não funcionava. Guerrero, sozinho no ataque, pouco conseguia fazer. O Flamengo parecia acuado.


Sem Everton, Gabriel e Berrío, que costumam atuar pelos lados, mas estão lesionados, o Flamengo jogou com Trauco como "falso 10", segundo Zé, e Rodinei aberto pela direita. Apesar dos quatro laterais em campo, já que ainda tinha Pará e Renê, o Rubro-Negro sofreu muito em jogadas de linha de fundo - principalmente pelo lado esquerdo da defesa.

O que também prejudicou - e muito - o desempenho do Flamengo foram os constantes erros de Rafael Vaz e Márcio Araújo em saídas de bola. O zagueiro, que, sejamos justos, vinha fazendo bons jogos, falhou em pelo menos três tentativas de afastar o perigo ou sair jogando: em uma ele protege a bola, tenta jogar para lateral, não consegue e é desarmado pelo adversário na linha de fundo; noutra rebate lançamento da zaga do Atlético-GO nos pés de um jogador dos donos da casa; e, por fim, passa fraco demais e vê o toque ser interceptado ainda no campo de defesa.

Márcio Araújo não ficou para trás. Errou em pelo menos quatro jogadas que poderiam ter complicado ainda mais a situação do Flamengo: tentou driblar na defesa e foi desarmado (o lance é duvidoso e a falta poderia ter sido marcada, é claro), errou passe de poucos metros para Renê perto do meio de campo, errou toque para Rômulo no meio de campo e deu o contra-ataque para o Atlético-GO e, por fim, demorou demais para se ajeitar com a bola também perto da linha central e deixou a zaga exposta após ser desarmado.

Muralha, por sua vez, saiu mal do gol em lances de perigo para os donos da casa, como bolas alçadas na área, e, quase sozinho, teve dificuldade para encaixar a bola no segundo tempo e poderia ter se complicado. O último lance, inclusive, retratou bem o nervosismo do Flamengo àquela altura. Sabia que uma derrota seria desastrosa por causa da eliminação da Libertadores.

Vamos aos números:
Finalizações: Atlético-GO 17x7 Flamengo
Passes errados: Atlético-GO 29x34 Flamengo
Bolas levantadas: Atlético-GO 17x9 Flamengo
Roubadas de bola: Atlético-GO 10x10 Flamengo
Faltas cometidas: Atlético-GO 16x17 Flamengo


O gol do Atlético-GO não saiu, porém, após nenhum erro retratado pelos números, mas depois de um que mostra exatamente a apatia e o nervosismo dos jogadores em campo: depois do lateral, Renê salta e perde no alto para o adversário, que ajeita de cabeça para Jorginho, livre e por trás de Rafael Vaz, empatar. Os rubro-negros praticamente não tiveram reação no lance. O próprio técnico Zé Ricardo admitiu, em entrevista coletiva, que os erros técnicos complicaram o posicionamento tático da equipe em campo.

O Flamengo, durante boa parte do jogo, não conseguia se organizar. Erros atrás de erros foram minando as possibilidades de uma recuperação para aliviar o sistema defensivo, pressionado constantemente pelo insistente Atlético-GO. Só o cruzamento-gol de Matheus Sávio foi capaz de limpar a barra rubro-negra.

A eliminação para o San Lorenzo na Libertadores, é claro, segue viva na memória de todos do elenco, da comissão técnica e da torcida e com certeza pairou sobre os jogadores durante os momentos de pressão do Atlético-GO no Serra Dourada. A má atuação, porém, também expõe a falta de peças de reposição para o técnico Zé Ricardo, que teve, mais uma vez, de improvisar laterais no meio de campo para suprir ausência de desfalques. Fonte: Globo Esporte





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