Como o filho de Bebeto virou jogador de R$ 225 mi após sair de graça do Fla



Quando decidiu participar de uma seleção de jogadores para categorias de base do Flamengo, Matheus ouviu do pai um pedido: que ele encarasse o processo sem que as pessoas no clube soubessem que é filho de Bebeto, tetracampeão mundial com a seleção brasileira e dono de vasta história com a camisa rubro-negra. O meia de 22 anos ainda tenta se livrar do aposto, mas deu um importante passo nesse sentido: após ter feito boa campanha com o Estoril no futebol português, assinou nesta semana um contrato de cinco anos com o Sporting Lisboa. Menos de um ano depois de ter saído de graça da equipe rubro-negra, Mattheus, o filho de Bebeto, agora tem multa rescisória de 60 milhões de euros (R$ 225 milhões).


Mattheus integrava o elenco do Flamengo que venceu a Copa São Paulo de juniores em 2011. O sucesso na base e o perfil do jogador, um armador canhoto, alto e de bom passe, fizeram do filho de Bebeto um dos atletas mais badalados na base rubro-negra. A comparação mais frequente era com Paulo Henrique Ganso, que na época despontava no Santos.

No ano seguinte, Mattheus foi alçado aos profissionais do Flamengo. Estreou no Estadual do Rio de Janeiro e escolheu vestir a camisa 43, número que havia ficado marcado no clube em 2009, quando o sérvio Petkovic o elegeu para homenagear o gol de falta que tinha anotado em 2001, contra o Vasco, na decisão regional (aquela cobrança aconteceu aos 43min do segundo tempo). No caso do meia egresso da base, a justificativa era outra: a soma dos algarismos era 7, número que Bebeto carregou em grande parte da carreira (na Copa do Mundo de 1994, inclusive).

A trajetória de Mattheus no Flamengo, contudo, não repetiu os sucessos de Petkovic ou Bebeto. O meia chegou a emplacar alguns jogos como titular, mas teve desempenho extremamente irregular até 2013, quando o clube carioca chegou a dar como certa uma negociação dele com a Juventus. Em maio daquele ano, depois de as conversas com os italianos terem naufragado, o armador renovou contrato por mais três temporadas, com valorização salarial de 900%.

Depois da ampliação do vínculo, Mattheus chegou a evoluir individualmente e foi titular do Flamengo no início da temporada 2014. Aí apareceram duas questões que minaram a expectativa em torno do armador: o rendimento claudicante e a dificuldade na finalização. O jogador começou a ser muito cobrado por gols perdidos e chegou a ser vaiado pela torcida no Campeonato Brasileiro, em um revés por 4 a 1 para o Atlético-MG.


Aquela partida praticamente selou a saída de Mattheus, que trocou o Flamengo pelo Estoril em 2015. O time português, ligado à agência de marketing esportivo Traffic, pagou pelo empréstimo – o valor nunca foi divulgado, mas girou em torno de 1 milhão de euros (R$ 3,65 milhões) por uma cessão até junho de 2016, data do término do vínculo com os brasileiros.

Mattheus acumulou 20 jogos no Flamengo. A despeito de ter feito boas jogadas e mostrado qualidade técnica, deixou o clube sem ter balançado as redes.

No Estoril, o filho de Bebeto repetiu o início errático de trajetória. Sofreu para se consolidar na primeira temporada, mas deslanchou na campanha 2016/2017. Foram 26 partidas no Campeonato Português (titular em 25), com dois gols e quatro assistências. Mattheus seguiu como um armador que finaliza pouco, mas adicionou ao repertório um bom aproveitamento em bolas paradas. Além disso, notabilizou-se pelo comprometimento defensivo e pela versatilidade (atuou em pelo menos quatro funções diferentes do meio-campo, como segundo volante, armador pelo centro, aberto pela direita ou aberto pela esquerda).

O perfil que havia feito de Mattheus um jogador raro na base brasileira chamou atenção também em Portugal. O jogador passou a ser assediado por alguns dos grandes clubes do país e acertou contrato de cinco anos com o Sporting.



"Era esse o objetivo. Tínhamos outras propostas, mas o Sporting chegou na frente e acabou acertando. É um dos grandes da Europa", enalteceu Bebeto em entrevista ao site português "Sapo Desporto". Segundo o ex-jogador, a presença do técnico Jorge Jesus influenciou na decisão: "É um dos grandes treinadores da Europa. Não tenho dúvida de que o Mattheus vai render melhor com ele".

Em conversa com o jornal português "O Jogo", Bebeto foi ainda mais enfático. Segundo ele, a transferência de Mattheus para o Sporting é um estágio para que o meia volte a defender a seleção brasileira – ele acumula convocações apenas para as categorias de base: "As portas estão abertas. Só depende de ele encontrar seu espaço".

O fato é que a transferência foi uma prova de ascensão de Mattheus no futebol português. O jogador que há pouco mais de dois anos foi preterido pelo Flamengo voltou a ser tratado como um prospecto de potencial mundial.

Parte disso tem a ver com mudanças do próprio Mattheus. Além do processo natural de maturação, o armador tem a timidez como traço marcante de personalidade. De alguém que falava pouco na época do Flamengo, tornou-se um jogador mais solto na campanha mais recente com o Estoril. O cabelo mais longo e a barba por fazer são símbolos desse novo momento. Uol






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