Amigos Rubro-Negros,
O Clube de Regatas do Flamengo divulgou as demonstrações financeiras anuais este mês. Os dados divulgados são positivos e reforçam o bom desempenho da atual Administração no saneamento financeiro do Clube. Seguimos no caminho certo da responsabilidade financeira, mas entendemos que ainda há importantes desafios pela frente.
- diminuição da dívida bruta em R$ 50 milhões, e, em especial, o fim de qualquer endividamento do Flamengo com federações ou confederações do futebol brasileiro. Fato bastante relevante, considerando o alto custo dessas dívidas, o perfil de vencimento de curto prazo, e, principalmente, a independência financeira junto a estas entidades — o que torna mais forte a posição do Flamengo para quaisquer discussões esportivas e políticas no futuro.
- aumento do investimento no futebol, traduzido tanto no maior nível das despesas correntes, quanto nos montantes usados para aquisição de atletas e estrutura. Os investimentos em jogadores (compra de passes ou contratos de imagem) totalizaram mais de R$ 70 milhões em 2016 — ou seja, um crescimento nominal acima de 100% em relação a 2015. Os investimentos em infraestrutura totalizaram R$ 24 milhões (versus R$ 4 milhões em 2015) e, como consequência, houve a entrega do tão sonhado Centro de Treinamento Geoge Helal. Algo básico para qualquer clube de futebol, e essencial para aqueles que desejam lutar por títulos. Tal conquista coloca o Flamengo em um patamar seleto de clubes com CT´s de ponta na América Latina.
- continuação da política de “limpeza” das contingências do Clube. Terminamos litígios de altíssimo custo como do Consórcio Plaza e dos ex-jogadores Romário e Ronaldinho Gaúcho. Todos em condições aparentemente positivas em relação ao potencial total de perda.
- as receitas do Flamengo continuam em trajetória crescente, em especial as de televisão e venda de jogadores. Depois de anos, voltamos a ter algum destaque no mercado de transações, com a venda ou empréstimo de jogadores como Kayke e Wallace — mesmo que ainda abaixo de outros clubes brasileiros.
- por fim, o Clube continua no caminho correto de diminuição do passivo a descoberto. Ainda que tenhamos uma ressalva dos auditores neste ponto, estamos ano a ano reduzindo, consideravelmente, prejuízos criados em Administrações irresponsáveis do Flamengo.
Os pontos positivos merecem o reconhecimento pelos sócios do Flamengo e por toda a Torcida Rubro-Negra. Entretanto, pontos negativos também existem e devem ser apontados, visando a melhoria contínua do Mais Querido:
- acreditamos que não é razoável um Clube com mais de R$ 500 milhoes de faturamento anual não ser auditado por uma empresa de ponta, capaz de apontar deficiências, melhorar processos, aumentar a transparência das demonstrações financeiras, e principalmente, possibilitar a redução dos custos financeiros dos empréstimos, ainda extremamente altos. Tal ponto, importante ressaltar, foi considerado como prioridade no plano de governo da Chapa Azul.
- outro ponto que preocupa é que o perfil da receita tem piorado desde 2014. Estamos com forte dependência das receitas de televisão, além da performance abaixo da expectativa nas rubricas de patrocínios, Sócio-Torcedor, bilheteria e clube social/esportes olimpicos, quando comparado com o ano de 2015 e o próprio orçamento para 2016. Se desconsiderarmos os reconhecimentos (contabilmente corretos) (i) das luvas da Globo em 2016, e (ii) da devolução do Edifício Hilton Santos, a receita bruta seria aproximadamente R$ 111 milhões menor, com faturamento de R$ 399 milhões anuais, versus os R$ 510 milhões divulgados. Número positivo, ainda que abaixo do orçamento, mas que mais uma vez demonstra a relevância da receita de TV para o Flamengo. Em outras palavras: continuamos ainda muito dependentes da Rede Globo.
- o custo financeiro da dívida continua elevado para padrões de um Clube com nosso tamanho, endividamento relativamente controlado e com geração de caixa relevante.
Este é um problema que deve ser atacado, seja na melhoria da governança, seja na melhoria dos processos. O Flamengo precisa começar a construir um relacionamento com instituições financeiras de primeira linha no Brasil e no mundo, com o objetivo de acessar empréstimos com custo compatível com o seu tamanho. A Diretoria tem que trabalhar neste assunto com um planejamento claro.
- o investimento no Futebol, apesar de ter aumentado, ainda está, proporcionalmente ao faturamento, aquém do que entendemos ser o ideal para um Clube da grandeza do Flamengo.
- apesar do volume de investimentos no futebol, o resultado em campo tem sido muito aquém do esperado pela torcida. O Clube investiu mais de R$ 70 milhões no ano passado entre contratações e luvas, como mencionado acima, mas a maior parte dos jogadores contratados sequer são escalados no time titular ou mesmo relacionados nas partidas. O que aconteceu com os responsáveis pelos equívocos nas contratações? Como são medidos os seus resultados? O Flamengo vem aumentando os seus investimentos no futebol, mas visivelmente, em relação a formação do elenco, gasta mal. Precisamos melhorar a eficiência do gasto, e os profissionais que cometeram esses erros precisam ser devidamente avaliados e responsabilizados.
- o resultado negativo dos Esportes Olímpicos é mais um problema grave da atual gestão. Ainda que a Diretoria argumente que este déficit é circunstancial, a análise dos números mostra o contrário. Os Esportes Olímipicos são deficitários e foram realmente autossuficientes somente em 2014. Isso tem que ser atacado e a Diretoria tem que ser clara e objetiva com os seus sócios, a sua torcida e seus demais stakeholders. Gostaríamos de ter uma explicação clara e sem artifícios do VP de Esportes Olímpicos e do Presidente do Clube sobre este tema.
- finalmente, ainda que tenhamos diminuído o passivo a descoberto, a afirmação vista na imprensa de que estamos a apenas R$ 95 milhões de “virar o PL” não é de todo verdadeira. O ajuste de avaliação patrimonial é um lançamento puramente contábil que, inclusive, pelas regras contábeis atuais, não poderia ser feito. Nosso verdadeiro passivo a descoberto é de R$ 344 milhões. Em outras palavras, ainda precisamos de mais 2 ou 3 anos para, de verdade, poder dizer com muita satisfação que o Flamengo está saneado, retirando o parágrafo de ênfase do relatório da auditoria.
Nós, do FLAFUT, esperamos que 2017 seja um ano de importantes conquistas para o Flamengo. Seguiremos atentos a todos os acontecimentos do Clube, apontando acertos e erros, mas sempre dispostos a colaborar para o fortalecimento e crescimento do Flamengo, nossa grande paixão.
Esperamos que a análise das Demonstrações Financeiras do Mais Querido do Mundo tenha sido útil para a Diretoria, Sócios e Torcedores.
Estamos à disposição de todos para esclarecimentos acerca deste artigo e qualquer colaboração que possamos dar.
Saudações Rubro-Negras,
Grupo FLAFUT
#FLAFUT #FocoNoFutebol
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