Bastou o Flamengo engrenar na disputa das três competições em 2022 sob o
comando de Dorival Júnior que a diretoria elevou em até 100% o preço dos
ingressos. Contra o Ceará, hoje, 11h, pelo Brasileiro, o bilhete mais barato
custará o dobro em relação ao que foi praticado em abril, levando em conta o
valor para público geral.
A Copa do Brasil teve o maior aumento no setor norte, considerado o mais
popular, d. Em maio, no jogo contra Altos-PI, o ingresso custou R$ 60,00, e o
próximo da semifinal contra o São Paulo chega a R$ 160,00. Tudo isso sem falar
nos setores mais caros do Maracanã, que estará lotado hoje diante da alta
demanda das famílias rubro-negras no horário pela manhã.
No mata-mata, o grande movimento se justifica, mas nos pontos corridos a
escalada de preços também promoveu uma corrida por ingressos, que tem feito
torcedores que sempre apoiaram a equipe terem que abrir mão de algumas
partidas por questões financeiras.
O argumento básico do Flamengo é que, com um estádio em que só cabem cerca 65
mil pagantes, é preciso aumentar em todas as frentes de forma equilibrada para
que não se cobre um absurdo em partidas de maior apelo, como a semifinal da
Libertadores, contra o Vélez.
Mas a justificativa não convence quem quer dar suporte ao time na tempestade e
na bonança.
— Quando o Flamengo está mal os preços baixam porque precisam da energia de
quem apoia, precisa que a torcida frequente o estádio. Quando está bem a
torcida não é recompensada, os preços ficam muito altos e quem pode pagar, em
grande maioria, não é a galera que vive para o time — afirma Louise Francisco,
estudante de 24 anos que só conseguiu ir a quatro jogos este ano.
A principal queixa é a velocidade com que os ingressos acabam sem atender aos
planos mais básicos de sócios. Os jogos contra São Paulo, Ceará e Vélez
tiveram as vendas esgotadas rapidamente. Há relatos de torcedores aderindo a
planos mais caros e rachando o valor total com os convidados a que tem
direito.
— Esgota em uma velocidade absurda, até quem tem sócio fica de fora porque só
tem prioridade nos sócios mais caros e fica um monte de cambista vendendo a
mais de R$ 500,00 — conta Marcelo Erthal, que está na categoria bronze, abaixo
de diamante, ouro e prata.
O preço do cambista, dizem fontes do clube, indicam justamente que o Flamengo
não aumenta o valor do ingresso como deveria. Outro ponto levantado por
torcedores é a mudança de comportamento nas arquibancadas nestes jogos de
maior apelo:
— Hoje tem muita gente da periferia e das comunidades que nunca foram ao
Maracanã justamente por causa dos preços de ingressos. Pessoas que iam antes.
E Flamengo é do povo, resiste porque o povo sempre colocou pro alto e abraça o
time. A mudança do público é absurda, a torcida está ficando completamente
elitizada. — relatou Beatriz França.
— A mudança de público é prejudicial pra marca do Flamengo, que tinha o
diferencial de ter na torcida o povo mais humilde e que é fanático mesmo —
lamenta Alexandre Calmon, que viajou para a Libertadores de 2019.
*Estagiária sob supervisão de Diogo Dantas.
Imagem: Divulgação
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