Uol:
A passagem do Flamengo em Lima foi marcada pela vitória por 2 a 0 contra o
Sporting Cristal , mas os rubro-negros lembrarão mais da viagem graças às
reviravoltas e costuras ocorridas antes de a bola rolar.
Desde a anteontem (4), já havia uma espécie de sinal de alerta ligado por
conta dos protestos que estavam por explodir. Tão logo o elenco acordou, o
presidente Pedro Castillo decretou estado de emergência no Peru e o jogo virou
uma casca de banana no caminho do mandatário.
Ante os protestos de cidadãos insatisfeitos com a alta da gasolina e dos
fertilizantes, Castillo, em um primeiro momento, se mostrou intransigente em
relação ao jogo. Ao entrar em cena, Alejandro Domínguez, presidente da
Conmebol, conseguiu costurar uma saída com a partida sem público e teve
certeza de que havia conseguido atingir um meio-termo.
Paralelamente, Fred Nantes, diretor de competições da Conmebol, mantinha
conversas frequentes com o supervisor Gabriel Skinner. Um "andar acima",
Domínguez e Rodolfo Landim se falavam por telefone. A indicação da entidade
sul-americana era de que o ela deveria manter normalmente sua rotina para o
jogo.
A reunião entre representantes do Fla e do Sporting Cristal ocorreu
normalmente, porém de forma remota. Este encontro, que é habitual antes dos
jogos da Libertadores , definiu questões referentes à logística, segurança,
comunicação e outros temas comuns. Ficou acordado que os protocolos
pré-estabelecidos deveriam ser mantidos, mas não se falou sobre a presença de
público.
Apesar de as autoridades locais terem empenhado sua palavra, não havia
manifestação oficial alguma. A Conmebol, por sua vez, tratou de manter o ar de
normalidade e badalou a partida em suas redes sociais como se não houvesse uma
revolta popular em curso.
Tudo parecia caminhar para uma costura sem alarde nos bastidores, mas a
questão piorou à medida que as ruas da capital peruana começaram a ser
tomadas. Quando parte da delegação rubro-negra estava no lanche, a notícia: o
Instituto Peruano de Esportes determinou o cancelamento . Fragilizado, o
governo sucumbiu ao clamor das ruas e deu uma resposta rápida.
Minutos depois do órgão se manifestar, o Flamengo foi oficialmente notificado
pela Conmebol e já começava a mobilizar seu setor de logística para acelerar
sua volta ao Rio de Janeiro. Com as ruas do país cada vez mais ocupadas, o Fla
começou a temer por eventuais consequências e estudava meios de antecipar o
voo fretado.
Em 15 minutos, a reviravolta. Castillo revogou o estado de emergência,
restaurou a "normalidade" na capital e a partida voltou a ser liberada após o
cancelamento . O clube foi informado por Frederico Nantes da nova determinação
e suspendeu o estado de desmobilização. Por conta da confusão, o duelo foi
atrasado em 30 minutos e ocorreu com os portões fechados.
Em questão de minutos, jogadores entraram no ônibus e a preleção, que seria
realizada no hotel, já foi realizada no vestiário do Estádio Nacional. Ao
final do dia, três pontos valiosos na bagagem e muita história para contar.
Alívio
Não foi brilhante, não encantou o torcedor, mas a vitória trouxe uma boa dose
de alívio no clube. Depois de uma semana marcada por uma intensa crise nos
bastidores, o Rubro-Negro respira mais aliviado e mira dias de mais paz para
seguir o trabalho.
"Todos somos Flamengo. Quanto mais unidos e entrosados estivermos, mais
vitorias vamos conquistar. A única forma de lidarmos é estar focados no que
controlamos. Estivemos focados e a equipe correspondeu bem", disse o técnico
Paulo Sousa, que acrescentou:
"Hoje era um dia de consistência, de iniciar bem a competição. Procuramos ter
o Andreas em uma linha mais alta para termos espaços e ataques mais rápidos."
VEJA AS ÚLTIMAS NOTÍCIAS
Imagem: Divulgação