Extra:
Paulo Sousa foi contratado pelo Flamengo com a missão número um de promover
uma reformulação no futebol do clube, que viveu os últimos anos refém das
conquistas de 2019. Depois de amargar dois vice-campeonatos em 2022, da
Supercopa e principalmente do Estadual, os primeiros focos de resistência, que
na hora do acerto já haviam sido projetados, apareceram com tudo.
Neste domingo, o português se reuniu com o elenco no CT Ninho do Urubu para
aparar arestas e apontar os problemas vistos na decisão do Carioca, antes da
viagem para o Peru. Na terça-feira o Flamengo encara o Sporting Cristal pela
estreia na fase de grupos da Libertadores. Mas o clima é bastante pesado.
Mesmo enquanto a bola rolava no Maracanã, e depois no vestiário, alguns
jogadores deram sinais de que não compraram como parecia as ideias do novo
comandante. Ciente de que este processo ocorreria em algum momento, Paulo
Sousa deixou claro que seguirá com a metolodogia de trabalho e a forma de jogo
que tenta implementar desde janeiro.
Há respaldo da diretoria e convicção do treinador de que o trabalho requer
tempo e sacrifícios para que haja frutos. Com tranquilidade, Paulo Sousa
explicou em entrevista coletiva que será necessária a mobilização de todo o
grupo. O que claramente não tem ocorrido, o que dificulta a obtenção do
desempenho desejado.
- Há uma equipe campeã, mas que já tem alguns anos. Me contrataram conhecendo
minha metodologia, minha liderança. Normal que todos os processos com ideias
diferenças vão se renovando as lideranças, pois elas são criadas e construídas
nos vestiários, de uma forma positiva sempre. Mas o fato é que tenho minhas
convicções, meu método de trabalhar. E com certeza os resultados positivos
fazem o processo ser mais rápido.
Paulo Sousa tem aproveitado as coletivas para expor tudo que tem feito em
termos de trabalhos táticos no Flamengo. Com longas respostas, deixa claro
suas ideias e os motivos de elas não estarem dando certo. Normalmente, deixa
escapar frases que indicam problemas de assimilação por parte dos jogadores. E
aí é que estão as principais críticas. Como muda o time o tempo todo, alterna
peças e funções, isto acaba por confundir e dificultar essa assimilação e a
maior consistência.
Diferentes focos
Os principais focos de resistência são o goleiro Diego Alves, barrado, além de
Bruno Henrique e Gabigol, colocados em funções táticos um pouco distintas do
habitual no novo esquema de Paulo Sousa. A diretoria já deu aval para que
qualquer caso de indisciplina seja coibido. No caso do goleiro, há conversas
internas sobre uma eventual saída antes de dezembro, quando o contrato se
encerra. Sobretudo após a chegada de Santos.
A resistência do vestiário aumentou conforme o técnico promoveu novos nomes ao
time titular, e o Flamengo foi ao mercado em busca de outras soluções para o
time. Inicialmente, Paulo Sousa notou um time com boa aceitação às ideias,
trabalhador. Havia sido combinado que todas as observações aconteceriam no
começo da temporada, quando haveria mais tempo.
Todo este processo veio com compreensão da diretoria, sobretudo do vice de
futebol Marcos Braz e do presidente Rodolfo Landim. Os dirigentes sabem que
precisarão intervir no vestiário, pois Paulo Sousa não vai recuar em suas
ideias. E se preciso, deixará de lado jogadores que podem se tornar um passivo
para o clube. Já não há unanimidade sobre a permanência de Éverton Ribeiro,
Willian Arão e reservas como Renê e Diego Ribas. Mas romper com um grupo
campeão não é simples. E Paulo Sosua sabe muito bem disso.
- Sou um líder diferente, procuro conduzir o processo com um estilo de
relações, de conhecimento, não só técnico e tático, mas também pessoal, para
ratificar caminhos juntos. E tudo isso leva tempo quando o processo é novo.
Sobretudo quando existe no passado uma equipe campeã. É difícil, se olhar para
um processo de 20 anos do Flamengo e continuidade de vitórias, ele não existe.
Os processos são importantes para não ter somente um ano vitorioso. Fui
contratado para isso. Acredito que sou a pessoa certa para que isso aconteça
em futuro breve. Leva-se tempo paraa alinhar todos no mesmo caminho - afirmou
o treinador, também em entrevista após perder o título para o Fluminense.
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Imagem: Divulgação
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