GE:
O técnico Paulo Sousa reconheceu: o Fluminense foi campeão com méritos em cima
do Flamengo. Depois de perder o Campeonato Carioca, o treinador elogiou o
rival e pediu página virada na Gávea para a disputa da Libertadores.
- Teremos uma nova competição e queremos chegar a mais uma final. E de uma
forma diferente das outras duas. Nessa final, merecemos mais do que
conseguimos. Na Supercopa, estivemos superiores ao adversário, mas não
conseguimos.
- Contra o Fluminense, no primeiro jogo, fomos superiores, com volume e
qualidade. Hoje, não. Nosso adversário nos criou dificuldades e esteve muito
bem. Temos oportunidade de virar a página já na terça-feira. Vamos buscar a
vitória. A equipe está trabalhando bem e não merecia esse resultado, mas o
futebol é assim. Temos uma direção, temos convicções, e vamos trabalhar.
Confira outros tópicos:
"Flamengo me contratou sabendo da minha metodologia"
- É uma equipe campeã em 2019, que já tem alguns anos. O Marcos Braz e o Bruno
Spindel me contrataram sabendo da minha metodologia, da minha liderança,
acreditou em mim. O fato é que tenho as minhas convicções, as minhas ideias, o
meu modo de trabalhar. Todos os resultados positivos fazem com que o processo
seja mais rápido. Infelizmente, não foi assim nesses duas finais.
- Fomos superiores ao adversário, com exceção de hoje. Merecíamos pelo
trabalho e pelo empenho. Mesmo que ganhássemos essa final, ainda há muita
coisa a trabalhar. Infelizmente, nesse contexto, o tempo é sempre curto. Temos
as competições pela frente para cimentar algo em que acreditamos.
Paulo Sousa diz que time não pode ser vitorioso em um só ano, como
aconteceu em 2019
- Estamos habituados a uma pré-temporada muito diferente, porque aqui temos um
nível competitivo. Não vejo Campeonato Carioca como pré-temporada, mas nos
ajuda a desenvolver dinâmicas. Começamos processos, a começar pela liderança,
porque sou uma liderança diferente. Relações, conhecimentos... Tudo isso leva
tempo, mas se requer pressa. Sobretudo quando falamos de uma equipe campeã no
passado.
- Em um universo de 20 anos do Flamengo, não existe continuidade de vitórias.
Por isso, os processos são importantes para consolidar um caminho. Não só um
ano vitorioso, mas vários. Me contrataram porque acham que sou a pessoa certa
para o trabalho. Mas temos um caminho grande pela frente.
Pretende mudar o modelo de jogo com uma primeira linha de quatro?
- Hoje já numa última parte do jogo acabamos por ter essa ideia de podemos ter
mais um elemento como o Everton para podermos ser mais criativos e dominadores
no nosso jogo com bola. Analisando mesmo profundamente penso que fomos bem
dominantes na maioria dos jogos, criamos oportunidades suficientes para
sairmos vitoriosos.
- Temos que criar mais porque assim os números nos dizem. Para fazermos os
gols, temos que criar mais. Aquilo que eu e minha comissão podemos influenciar
fortemente é nas dinâmicas, na compreensão do jogo, do tempo, do espaço, da
ocupação e do entendimento das triangulações de forma que eles possam tomar
melhores decisões.
Acertos a serem feitos
- Depois o último passe e o cruzamento com precisão são coisas mais
individuais e mais técnicos. Procuramos sempre refinar e trabalhar. Já tenho
dito em várias coletivas que temos uma parte importante do treino dedicada ao
último terço e a essas mesmas decisões para podermos ser mais predominantes
com vitórias e gols.
Necessidade de consolidar o atual sistema para depois ter variações
- Primeiro temos que consolidar processos. Normalmente minhas equipes não têm
só um sistema, mas primeiro temos que consolidar.
"Modelo de jogo está claro"
- Fundamentalmente o modelo de jogo está claro. Seja com o sistema e com os
jogadores, ele está claro. Sempre vos falei e sempre defini com os jogadores.
Uma equipe sem bola tem que pressionar constantemente. Para ela fazer pressão,
toda a equipe tem que estar presente. Não podemos distinguir os vários
momentos do jogo. Sejam a nossa organização ofensiva e defensiva, as duas
transições e bolas paradas. Está bem claro o nosso modelo, sabemos o que
queremos, trabalhamos para sermos cada vez mais consistentes.
- Por vezes temos jogadores em melhor forma ou com melhores decisões do que
outros. E temos a complexidade dos adversários. E hoje ficou patente que nosso
adversário nos criou complexidade grande. Fomos alterando, tomando decisões
durante o jogo.
- Tínhamos as nossas convicções. Sobretudo João e Andreas têm grande dinâmica
com e sem bola. Nem sempre isso aconteceu, mas repito: quando estamos na
transição defensiva e numa fase de organização defensiva, se não tivermos um
bloco com todos a correr e a defender com a máxima intensidade, qualquer
equipe sofre.
Méritos do Fluminense
- E hoje sofremos com o Fluminense, que teve capacidade de segurar e ditar
alguns momentos do jogo com triangulação e aproximação dos jogadores. Alternar
com verticalidade, nos criou dificuldades no jogo aéreo. Esta que é a
realidade.
Modelo de jogo "com certeza" será mantido
- Temos que continuar a trabalhar de forma que todos os momentos do jogo sejam
mais convincentes. Comprometimento da parte de todos para termos os resultados
que queremos. Com certeza mantendo esse mesmo modelo de jogo, esses princípios
gerais importante que estive a falar em termos de agressividade sem bola,
pressão constante, qualidade no controle, seja em largura e profundidade.
- Velocidade em triangulações, velocidade em profundidade, criar oportunidades
de gols, atacar as zonas de campo. São coisas novas que precisam ser mais
consolidados. Isso faz parte do processo até podemos adquiri-lo mais
fortemente para que depois seja um padrão que vocês reconhecem cada vez mais.
Depois passamos a outro sistema com certeza.
Qual conceito tático tem sido mais difícil para o elenco assimilar?
- Como falei, a liderança vai se fazendo, vai se ditando. Sou uma pessoa para
o bem, seja como treinador ou como pessoa. Procuro liderar com o máximo de
respeito pelos outros e por mim mesmo, pelo meu trabalho. Procuro ser o mais
educado possível com todas as pessoas, não só com os jogadores. Com vocês, com
todos, porque é o meu processo na vida.
- E procuro utilizar o futebol também para poder educar, olhando para mim
mesmo podendo me autoeducar. E isso tem a ver com meu trabalho interior de
forma a poder direcionar uma forma consistente e natural com vitória e derrota
da mesma forma.
Desentendimento com Gabigol. Existe algum conflito mais agudo?
- E aquilo que aconteceu com o Gabi é natural, é calor do jogo, um rapaz que
tem sempre ambição de ganhar. É muito difícil de comunicar com o nosso público
porque ele empurra e está presente. Como eu disse, ele tem que entender porque
inicialmente o fez com muito mais consistência. Durante alguns minutos o
posicionamento dele não era o mais correto. O fiz lembrar exatamente.
Em algum momento você e os jogadores chegaram a conversar sobre mudar o
sistema?
- Temos fortes convicções, primeiro temos que consolidar e alinhar cada vez
mais para depois passarmos a um outro sistema de jogo, mas com conceitos
dentro do modelo de jogo iguais.
Existiu algum conflito entre Diego Alves, você e a comissão?
- Muito curta a última parte da pergunta. Não houve conflito nenhum. Se um dia
existir com Diego ou outro qualquer jogador, tem o processo disciplinar. Não
vai estar conosco porque assim não merece. Procuro ser o mais coerente com
minhas decisões de forma educada com todos.
"Campeonato positivo"
- O campeonato foi positivo, começando pelo Fabio, que deu oportunidades a
jogadores sub-20 em um nível mais elevado. Foi superpositivo. Depois, fomos
estabelecendo dinâmicas jogo após jogo. Nossos conceitos, nossos modelos...
Queremos ser cada vez mais consistentes. O resultado dá mais convicções.
Tirando esse último jogo, fomos bem, criamos oportunidades para concretizar.
Hoje, nosso adversário foi superior, foi melhor. No geral, fomos uma equipe
positiva e queremos crescer nessa direção.
VEJA AS ÚLTIMAS NOTÍCIAS
Imagem: André Durão