Em noite de festa do Flamengo, Éverton Ribeiro pode ter ganho novo papel com Paulo Sousa




Por Eduardo Mansur | GE: O Bangu terminou por ser o convidado sob medida para a festa de reabertura do Maracanã. Em parte, por não costumar se planejar para amarrar jogos. Tem à beira do campo um Felipe que mostra ideias arejadas e coragem para tentar jogar, o que torna o espetáculo melhor. Mas, por outro lado, o fato é que o Bangu acabou contribuindo para que os mais de 60 mil rubro-negros no estádio vivessem uma noite de muitos gols ao expor de maneira quase suicida as costas de sua defesa. Assim o placar foi aberto, assim a partida estava sentenciada aos 14 minutos, com o 2 a 0 no placar.



Ocorre que, embora o plano do Bangu significasse assumir um risco imenso, era o abismo de qualidade técnica dos dois lados que não permitia que houvesse propriamente uma competição. Então, resta avaliar o que se tira deste Flamengo que, agora, inicia um novo 2022: a partir de quarta-feira, quando jogará a semifinal do Estadual, todos os jogos valem. A pré-temporada terminou na goleada deste sábado.

Os olhos estavam voltados para Éverton Ribeiro, talvez a grande notícia da escalação. Não apenas pela presença dele, mas pela escalação de Lázaro. O campo reforçou a sensação de que pode ter começado um novo período para o camisa 7. Com Lázaro na ala esquerda no momento ofensivo, Éverton jogou como um dos meias, ou pontas, por trás de Gabigol. Recuperou funções mais familiares: atuando entre as linhas do adversário, por vezes infiltrando às costas da defesa do Bangu e, com grande frequência, executando o movimento em que parte da meia direita para o centro. Voltou a ser decisivo num gol, com o passe para Gabigol fazer 2 a 0.



Importante notar que Bruno Henrique, que naturalmente será titular em muitos jogos, ficou no banco. Mas é provável que Éverton passe a disputar um lugar, ou a atuar mais minutos numa posição que o sacrifique menos do que a ala esquerda. E que ele executa com mais naturalidade.

Houve outros pontos positivos, mesmo num jogo tão pouco desafiador. O Flamengo soube explorar a linha defensiva do Bangu, que se adiantava sem que o restante do time pressionasse a bola. Quando atraía o adversário para perto de sua área, o Flamengo atravessava o campo em poucos toques, como no lance do segundo gol: a bola voltou ao goleiro Hugo, o Bangu pressionou e a saída foi feita com Léo Pereira, Arrascaeta e o passe final de Éverton Ribeiro para Gabigol.



No primeiro gol, o escape foi com Matheuzinho, livre pela direita para dar início a outro movimento comum do Flamengo no jogo: Gabigol recebendo bem aberto e atraindo o lateral do Bangu para criar espaços na linha de defesa adversária. Por ali, entre lateral e zagueiro, Matheuzinho infiltrou e deu a bola a Arrascaeta.

A partir daí, a dúvida era o número final do placar. Terminou em seis. O último dos gols, novamente num ataque às costas de uma linha adiantada e nem sempre bem protegida pelo Bangu.



O jogo terminou por não testar um ponto que causou incômodo no Flamengo em partidas recentes, como contra o Vasco: atacar uma defesa fechada. Isso o Bangu não ofereceu. Talvez a semifinal mostre se o time, que tenta concentrar jogadores entre as linhas do rival pelo centro do campo, irá criar mais movimentos para infiltrar.

Mas mesmo contra o Bangu, o Flamengo voltou a mostrar sintomas do que mais precisa aprimorar: o jogo sem bola ao defender. O time conseguiu ter recuperações no campo ofensivo, mas sempre que a pressão era ultrapassada, ainda apareciam espaços entre meias e defensores. E, novamente, a recomposição pelo lado direito oscilou demais durante o jogo. Tem a ver com as características dos jogadores que atuam no setor, mas contra rivais mais fortes pode ser algo comprometedor.



O fato é que os 6 a 0 de sábado talvez não sejam lembrados propriamente pelo tamanho do placar ou por um Flamengo irretocável, apesar da atuação ter sido boa. Mas pelo reencontro com o Maracanã. Num mesmo fim de semana, Flamengo e Corinthians colocaram grandes públicos em jogos de pouquíssima relevância para o desfecho dos Estaduais. Em comum, além da identidade popular dos clubes e da fidelidade das torcidas, o óbvio apelo de elencos com jogadores de qualidade. O futebol brasileiro tem mil problemas, mas hoje seus principais clubes reúnem talentos numa quantidade que, há pouco tempo, soava inacessível. Calendário ruim à parte, a sensação é que se inicia uma temporada muito atraente.


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Imagem: Divulgação

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