Por Diogo Dantas | Extra:
Caberá a outro português a missão de deixar Jorge Jesus no passado do
Flamengo. As escolhas de Paulo Sousa em seus primeiros jogos mais importantes
da temporada tornam clara uma nova hierarquia. Que tem a premissa de iniciar
uma reformulação gradual, mas profunda, no elenco rubro-negro que fez história
em 2019/2020.
A ideia já vinha tomando forma no começo da Taça Guanabara, se consolidou na
Supercopa, e seguirá, a partir de hoje, quando o adversário será o Botafogo,
no segundo clássico sob a nova direção rubro-negra, às 20h. Ao zerar a disputa
por vagas e observar todos os atletas em variadas posições, o novo Mister deu
seu primeiro recado, que seria verbalizado depois do vice para o Atlético-MG:
não quer acomodação.
O técnico deixou o elenco e até a torcida fora da zona de conforto. Tomou
decisões pouco usuais para o histórico deste grupo. Mas tem respaldo da
diretoria para fazer exatamente o que está fazendo, e sabe que depende de bons
resultados para ter tranquilidade na reformulação que pretende.
Com o mantra de que jogará quem estiver melhor, Paulo Sousa ignora a
experiência dos jogadores disponíveis, e já revoluciona. Naturalmente, gera os
primeiros desgastes no elenco. A reformulação abre espaço para jovens, algo
raro com os últimos treinadores. De cara, o goleiro Diego Alves foi barrado e
deu lugar a Hugo. Em seguida, João Gomes ascendeu no meio-campo no lugar de
Andreas, que custará R$ 60 milhões ao Flamengo. Outro jogador caríssimo, Pedro
teve espaço indicado, mas não rendeu, e segue como opção no banco.
Um dos capitães da equipe, Éverton Ribeiro foi improvisado na ala esquerda e
só será titular no momento por este setor. Do lado direito, a aposta é em
Rodinei, com o experiente Isla, titular da seleção do Chile, preterido. Outro
medalhão, Willian Arão é um dos mais cobrados pelo técnico nos jogos, e também
não deu a dinâmica e a proteção esperadas. Após um corte profundo na perna,
Thiago Maia ainda não volta contra o Botafogo para formar dupla com Gomes.
Fechado com novas e antigas lideranças
O comportamento de Paulo Sousa que rompe aparentes privilégios levantou
suspeitas sobre a aceitação do elenco. Até aqui, o respaldo dos jogadores
persiste. Sobretudo de nomes como David Luiz e Diego Ribas. Gabigol também se
adaptou bem a nova concorrência e por enquanto deu declarações de apoio ao
trabalho que se inicia.
No ataque, o trio formado pelo camisa nove ao lado de Bruno Henrique e
Arrascaeta segue como o ponto forte do novo esquema de jogo. A ele se soma uma
nova dinâmica, com muito apoio pelos lados do campo. Nesse cenário, Lazaro é
outro garoto que ganha espaço.
Contratado ao Santos, o experiente Marinho sofre para ter mais minutos como
ponta, e já ouviu de Paulo Sousa que precisa se adequar melhor ao sistema. As
críticas públicas a quem não desempenha o ideal se tornaram corriqueiras.
O zagueiro Fabrício Bruno foi o reforço que chegou melhor adaptado e segue
titular nos últimos jogos, em alta com o treinador. Vale lembrar, porém, que
Gustavo Henrique teve bom início e virou baixa com um desgaste físico,
enquanto Rodrigo Caio segue recuperação longa de uma cirurgia no joelho.
Ou seja, todo o esqueleto daquele Flamengo idealizado de dois anos atrás está
reestruturado, pelo motivo que for. Fato é que Paulo Sousa seguirá com
observações no Estadual, mas agora com o revés contra o Atlético-MG na conta,
e ainda mais sob pressão por suas escolhas.
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Imagem: Paula Reis