Por Alex Sabino e Carlos Petrocilo | Estadão:
A ameaça de 18 clubes da Série A do Campeonato Brasileiro de boicotar a rodada
deste final de semana não encontra unanimidade entre os presidentes das
equipes para se concretizar. As agremiações discordam do fato de o Flamengo
ter presença de público liberada em seus jogos sem que elas possam ter também
e buscam impedir que isso aconteça.
Segundo dirigentes ouvidos pela <strong>Folha</strong>, não há até
o momento apetite para levar a medida adiante. A ideia de uma carta, assinada
por quase todos os clubes da elite (sem Cuiabá e Flamengo), não convenceu os
cartolas, mas foi ventilada como instrumento de pressão sobre a CBF e o STJD
(Superior Tribunal de Justiça Desportiva).
“Isso [a carta] é uma das piores coisas que poderia acontecer. Não haverá
datas para realizar os jogos mais para frente, disse o presidente do
Atlético-MG, Sérgio Coelho, à <strong>Folha</strong>. “Se o
Flamengo jogar com público no domingo, a partir de segunda-feira o Atlético
vai jogar também.”
Líder do Brasileiro, a agremiação mineira também conta com uma ação favorável
nesse sentido.
“Temos uma decisão do STJD e a permissão da prefeitura [de Belo Horizonte],
mas o Atlético vai respeitar a decisão do conselho arbitral, exceto se o
Flamengo receber público”, diz o dirigente. “É preciso ter isonomia.
Atlético-MG, Flamengo, Palmeiras, Red Bull e Fortaleza estão disputando o
título, e o Flamengo não poderá ter condições mais fáceis.”
Além de estrangular o calendário, o adiamento de dez confrontos poderia trazer
consequências comerciais –o time deixaria de jogar e, consequentemente, exibir
seus patrocinadores– e insegurança jurídica.
Apesar da desistência, há um visível clima de guerra entre os dirigentes da
Série A e a diretoria flamenguista.
O time carioca ignorou a decisão do conselho arbitral da CBF na qual os 19
times (incluindo o Cuiabá) votaram pela manutenção do veto ao torcedor nos
estádios, enquanto não há o aval de autoridades sanitárias locais para todas
as sedes da elite do Nacional em razão da pandemia da Covid-19.
Todos decidiram, então, acionar o STJD para tentar cassar a liminar concedida
ao Flamengo que possibilita a abertura dos portões. O pedido foi negado.
Otávio Noronha, presidente do tribunal, sustenta que não cabe ao órgão impedir
a presença de torcedores nos estádios. Isso seria de responsabilidade das
autoridades locais.
O clube rubro-negro alega que a permissão não compete à CBF e conseguiu o aval
das autoridades do Rio de Janeiro para realizar três partidas no Maracanã
entre esta quarta (15) e 29 deste mês –contra Grêmio, pela Copa do Brasil e
pelo Brasileiro, e diante do Barcelona de Guayaquil (EQU) pela Libertadores.
Nesta tarde, em vez de carta para suspender a rodada, os cartolas apelaram
novamente ao STJD. Desta vez o grupo contou com o pedido da CBF para derrubada
da liminar favorável aos Flamengo. Segundo a entidade, "ela trará
desequilíbrio à principal competição do futebol brasileiro".
O assunto está com o relator Felipe Bevilacqua, e o julgamento está marcado
para a próxima quinta-feira (23). Mas Bevilacqua pode deliberar sobre o
assunto antes, dando procedência ao pedido dos clubes ou não.
Romildo Bolzan Júnior, presidente gremista, foi à sede da CBF para um almoço
nesta quarta e pediu, informalmente, ajuda para Ednaldo Rodrigues, presidente
interino da confederação. O mandatário do time gaúcho escutou do atual chefe
da entidade que comanda o país que somente o STJD poderia resolver a situação.
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Imagem: Divulgação