A pandemia da Covid-19 trouxe diversos desafios para os clubes, especialmente
na parte financeira. Além da bilheteria, uma das áreas que teve maior impacto
com a ausência de público nos estádios foi o sócio-torcedor. No Flamengo não
foi diferente. Mesmo com uma grande reformulação no programa, o clube não
conseguiu manter o público ativo e viu o número de associados despencar em 57%
nos últimos 15 meses.
Segundo apurou a reportagem do LANCE!, o Flamengo tinha cerca de 125 mil
associados em março de 2020 e ostentava um dos maiores programas de
sócio-torcedor do futebol brasileiro antes da pandemia. A situação atual, no
entanto, é bem diferente. De acordo com a contagem do site oficial do "Nação",
o Rubro-Negro tem um total de 52.956 sócios-torcedores (número conferido em 8
de julho de 2021).
Essa queda significativa - de mais de 70 mil pessoas - tem explicações. Com os
estádios fechados para conter o avanço da pandemia, o programa de
sócio-torcedor perdeu justamente seus maiores atrativos: o desconto e a
prioridade na compra de ingressos. Além disso, os altos preços dos planos, em
comparação a programas de outros clubes, e a crise financeira também
impactaram na perda de associados.
Enquanto a diretoria rubro-negra atua pela abertura dos estádios, a diminuição
no quadro de sócios é sentida nos cofres do clube. Em termos de receitas
recorrentes nos últimos anos, o programa de sócio-torcedor é, junto com
bilheteria, a segunda receita mais importante do Flamengo, apenas atrás de
direitos de transmissão.
De acordo com levantamento da Sports Value, empresa especializada em marketing
e finanças, o clube faturou cerca de R$ 62 milhões com o "Nação" no ano de
2020. Vale destacar que, na temporada anterior, o montante arrecadado havia
sido praticamente o mesmo (R$ 61,8 milhões) , mas o Flamengo esperava um
aumento significativo na receita se mantivesse a média de 120 mil sócios. No
orçamento para 2020, definido e divulgado antes do surto da Covid-19, o valor
previsto era de R$ 96 milhões.
REFORMULAÇÃO (DISCRETA) NO PROGRAMA
Em busca de atenuar o prejuízo e atrair o público de volta mesmo sem a venda
de ingressos, o Flamengo remodelou todo o programa de sócio-torcedor em
outubro de 2020. Além do nome (passou a se chamar apenas "Nação"), a estrutura
dos planos foi alterada e o Rubro-Negro prometeu mais benefícios aos
associados.
- Tem muita coisa de conteúdo exclusivo. A FlaTV trabalhando muito, e terão
programas exclusivos para o sócio-torcedor, muita coisa referente a troca da
pontuação: camisas, ingressos. Tem um programa que acho espetacular que é um
estímulo ao pequeno empreendedor, ainda mais neste momento. Sendo sócio, este
poderá oferecer um pequeno específico a outros sócios, e terá seu nome
colocado na lista de empresas que oferecem desconto aos sócios. Vamos abrir, a
partir do dia 28, um processo de cadastramento de empresas pequenas que terão
desconto para esse sócio-torcedor empreendedor - disse Gustavo Oliveira,
vice-presidente de Marketing, na época.
A transformação, no entanto, ainda não rendeu muitos frutos para o Flamengo.
As "experiências exclusivas" prometidas para todos os planos se limitaram a
poucas ações, e o número de sócios seguiu em queda nos últimos meses. Uma
aposta do clube para reverter a situação é o lançamento da "FlaTV+", serviço
pago de streaming, que poderá ser contratado com desconto por associados do
"Nação".
Sem dúvidas, o fanatismo e a paixão do torcedor rubro-negro não se alteraram,
mesmo ele não conseguindo ir até o estádio. A dificuldade do clube em manter
essa ligação e buscar diferentes formas de oferecer produtos e benefícios, no
entanto, é refletida na queda do número de sócios-torcedores.
OBS: Procurado pela reportagem do LANCE!, o departamento de marketing do
Flamengo preferiu não se manifestar sobre o tema "sócio-torcedor".
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Fonte: https://www.lance.com.br/flamengo/reformula-programa-socio-torcedor-mas-numero-associados-cair-pandemia.html
Imagem: Paula Reis
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