Os clubes da Série A evitam falar abertamente em lideranças do movimento que
surge para esboçar uma nova liga que possa substituir o Campeonato Brasileiro
– hoje totalmente comandando pela CBF. No entanto, na reunião da tarde desta
terça-feira (15) na sede da confederação, no Rio, já foi possível verificar os
dirigentes que encabeçam o processo.
Tão logo o encontro começou, o presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, foi o
responsável por ler em voz alta a carta assinada por outros 18 clubes que
detalhava os planos do grupo, segundo apurou o ESPN.com.br. Além da carta, o
cartola do clube da Gávea assumiu a palavra em outros momentos da reunião para
falar pelos clubes aos dirigentes da CBF.
Landim foi, ao lado do presidente do Athletico-PR, Mario Celso Petraglia, um
dos entusiastas da decisão de levar a carta à CBF após muitos debates em
grupos de conversas em aplicativos de mensagens. Petraglia também falou
bastante na reunião desta terça.
Outros quatro presidentes de clubes pediram a palavra, representaram os
colegas e defenderam pontos importantes no diálogo com a CBF: Maurício
Galiotte, do Palmeiras, Romildo Bolzan, do Grêmio, Guilherme Bellintani, do
Bahia, e Alencar da Silveira Júnior, do América-MG.
O grupo deixou claro que não pretende romper definitivamente com a CBF e vê a
entidade como parceira para organizar uma futura liga. A ideia dos times é
assumir setores importantes da competição e depender menos de decisões da
confederação onde pouco costumam participar.
Os clubes ainda pretendem diminuir o peso das federações em eleições e
aumentar a representatividade das agremiações em vice-presidências e
diretorias estratégicas.
CBF aprova conversa e vê tom pacífico
A CBF avaliou o encontro como positivo e pacífico. Representada pelos
vice-presidentes Gustavo Feijó, Castellar Neto, Fernando Sarney e Ednaldo
Rodrigues, pelo secretário-geral, Walter Feldman, e por alguns advogados, a
confederação ouviu mais do que falou. E prometeu avaliar todas as solicitações
internamente.
Agora, os cartolas da entidade trabalharão a articulação junto às federações
estaduais, únicas que podem impedir em assembleia a criação de uma liga
separada da CBF.
Uma nova conversa ainda não tem data marcada, mas os dois lados acreditam que
possa ocorrer em breve.
Por ora, a cúpula da CBF se concentrará na transição política em meio ao
afastamento do presidente Rogério Caboclo. Passada a iminente retirada
definitiva dos dirigentes de cena, vice-presidentes e federações avaliarão o
cenário político junto aos clubes.
A movimentação
A crise na Confederação Brasileira de Futebol (CBF), com o afastamento de
Rogério Caboclo da presidência, fez com que os clubes da Série A se
mobilizassem nos bastidores. Nas conversas, através de um grupo no WhatsApp,
nasceu a ideia de uma liga que passe a organizar o campeonato nacional.
Na sede da confederação, os presidentes de 19 clubes da Série A - o Sport não
compareceu devido à renúncia do presidente - assinaram uma carta que pede
alteração estatutária prevendo maior participação dos clubes nas decisões,
participação nas eleições dos presidentes da entidade e a decisão de criar uma
Liga de futebol que organizará o Campeonato Brasileiro.
Posteriormente, o Sport confirmou por meio de nota oficial que é favorável à
criação da Liga, assim como dos outros pontos defendidos pelos clubes da
primeira divisão.
A carta dos clubes
Prezados Senhores,
Por unanimidade dos presentes, 19 (dezenove) Clubes da Série "A" do Futebol
Brasileiro - em razção de diversos acontecimentos que vêm se acumulando ao
longo dos anos e que revelam um distanciamento total e absoluto entre os
anseios dos Clubes que dão suporte ao futebol profissional brasileiro e a
forma como que é gerida a CBF -, reunidos nests data, decidiram adotar as
postulações e resoluções na forma abaixo elencada:
1 - Requerer a imediata alteração estatutária que consagre uma maior
participação dos Clubes nas decisões institucionais e na gestão da CBF,
admitindo-se os Clubes como filiados dessa entidade;
2 - Dentre os itens desta alteração estatutária, necessariamente deve ser
incluída a votação igualitária nas eleições para escolha do Presidente e
Vice-Presidentes da CBF, sendo certo que Federações e Clubes das Séries "A"
e "B" terão seus votos contados de forma unitária e com o mesmo peso entre
si;
3 - Ainda no que se refere à alteração estatutária, inclui-se o fim dos
requisitos mínimos para inscrição das chapas concorrentes à eleição desta
entidade, abolindo-se a necessidade de apoio de oito (8) federações e cinco
(5) Clubes, permitindo-se o lançamento de chapas que tenham o apoio expresso
de, ao menos, 13 eleitores, independente de serem clubes ou federações; e
4 - Comunicar a decisão da criação imediata de uma "Liga" de futebol no
Brasil, que será fundada com a maior breviedade possível e que passará a
organizar e desenvolver economicamente o Campeonato Brasileiro de Futebol.
Além dos Clubes signatários, os Clubes da Série "B" serão convidados a
integrar a "Liga".
Os Clubes adotarão as medidas efetivas para consumar a sua associação,
para, de fora organizada, exercerem administração do futebol brasileiro e do
seu calendário.
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Fonte: https://www.espn.com.br/futebol/artigo/_/id/8784911/presidente-do-flamengo-le-carta-e-divide-lideranca-com-outros-5-presidentes-a-reuniao-entre-cbf-e-clubes-por-nova-liga
Imagem: André Gallindo