Por Renato Maurício Prado | Uol: Tudo muito bom, tudo muito bem? Nem
tanto. O Flamengo foi superior ao Velez durante praticamente toda a partida,
mas ainda assim flertou com a derrota, ficando duas vezes em desvantagem no
placar devido a falhas recorrentes de seu sistema defensivo. Que colocaram
novamente na berlinda a opção do técnico Rogério Ceni por usar Diego como
volante e William Arão como zagueiro.
Não há dúvidas de que tal formação melhora a saída de bola da defesa para o
ataque e reforça o poder de armação do meio-campo (objetivo maior do
treinador). O custo-benefício dessa improvisação, porém, pode nem sempre ser
positivo como aconteceu no José Amalfitani, na noite de terça-feira passada -
vide a contundente derrota para o Vasco, por 3 a 1, no Estadual.
Por mais que se esforce - e o tem feito de forma comovente - Diego não
consegue proteger a defesa como um volante de origem. Como o próprio Arão, por
exemplo. Esse, por sua vez, tampouco oferece, como zagueiro, a segurança de um
beque clássico. Posiciona-se mal, oferece espaços generosos nas próprias
costas e muitas vezes é envolvido sem grandes dificuldades pelos atacantes
adversários - vide o drible que levou de Raphael Veiga, na final da Supercopa
do Brasil. Nos dois gols do Vélez, nem é justo considerá-lo o principal
culpado, mas em ambos estava mal colocado. Perdido.
Fato é que o Flamengo de Ceni ainda é uma equipe irregular, que depende muito
do talento individual de seus jogadores para vencer. Não tem jogadas ensaiadas
no ataque e, por vezes, flerta com o jogo posicional, que conspira diretamente
contra uma de suas maiores virtudes, a capacidade de rotação dos homens de
frente. Contra o Velez, por exemplo, é óbvio que Bruno Henrique foi orientado
a passar a maior parte do jogo grudado na linha lateral da ponta-esquerda. E
pouco fez. Por que insistir com isso?
Do outro lado, inexplicavelmente, Éverton Ribeiro é mantido como titular,
embora não jogue bem desde que retornou da seleção de Tite. Está evidentemente
sem confiança e em dois lances, um deles beirando as raias do inacreditável,
deixou de concluir para tentar passes que não faziam o menor sentido. Em
ambos, estava na cara do gol.
No final das contas, o Flamengo venceu porque tem vários jogadores
excepcionais, de rara qualidade técnica. Como Gabigol, Arrascaeta e Gerson.
Dos pés deles nasceram as jogadas que culminaram com os três gols,
concretizando uma virada épica. Que justifica todas as comemorações por parte
dos torcedores.
Um resultado que dá a Rogério a tranquilidade necessária para continuar um
trabalho que, contudo, precisa evoluir. Se a opção por Arão na zaga e Diego
como volante é definitiva, torna-se obrigatório ser muito mais bem treinada. E
não custa preparar alternativas defensivas, para situações e adversários
distintos. Bem como melhorar a marcação nas cobranças de corner dos
adversários, sempre um sufoco na área rubro-negra!
Assim como seria de bom tom ensaiar jogadas ofensivas em cobranças de faltas e
escanteios. Não é aceitável que um time como o Flamengo limite-se a alçar
bolas altas na área apostando na extraordinária impulsão de Bruno Henrique. O
time de Jorge Jesus fartava-se de marcar gols de cabeça porque havia
treinamento, deslocamentos e ensaios para isso.
O torcedor rubro-negro resiste a Ceni porque sabe que seu time pode jogar
muito mais. Cabe ao treinador capacitá-lo para tanto. Se conseguir tal feito,
será abraçado com carinho. A torcida sabe do que essa equipe é capaz: vencer e
convencer, como em 2019. E é isso que espera.
VEJA AS ÚLTIMAS NOTÍCIAS
Fonte: https://www.uol.com.br/esporte/futebol/colunas/renato-mauricio-prado/2021/04/21/flamengo-vence-o-velez-e-a-propria-defesa.htm
Imagem: Internet
Tags
Libertadores