Por Rodrigo Mattos | Uol: A diretoria do Flamengo teve conversas com
clubes da Superliga até antes da pandemia de coronavírus que depois
congelaram. As negociações eram para uma adesão do clube, do Boca Juniors e do
River Plate, que poderia ocorrer pela liga ou pelo Mundial de Clubes. Ao
final, a Superliga foi feita só com europeus, mas o esboço do plano prevê um
Mundial para equipes de fora do continente.
O anúncio da criação da Superliga foi feita na noite de domingo com 12 grandes
clubes europeus. Houve reação dura por parte da Uefa e das ligas, com ameaça
de punições. A Fifa reprovou a ideia, mas usou um tom sem ameaças.
Até porque a entidade participou das conversas iniciais sobre a Superliga. Foi
em novembro de 2019 que o presidente da Fifa, Gianni Infantino, conversou com
um grupo de clubes liderados pelo presidente do Real Madrid, Florentino Perez.
O encontro reuniu Boca Juniors e River Plate, que eram cogitados para a
Superliga. A reunião irritou dirigentes da Uefa e da Conmebol. Infantino,
posteriormente, explicou que a reunião ocorreria de qualquer forma, e a Fifa
poderia ajudar a mediar acordos.
Posteriormente, a Fifa teve encontro com a diretoria do Flamengo durante o
Mundial de Clubes 2019. Houve um convite para participar no futuro do Mundial
de Clubes, juntamente com outro time brasileiro. Mas o formato ainda não
estava definido.
Em paralelo, houve conversas do Flamengo com os membros da Superliga. Segundo
dirigentes do clube, foi demonstrado interesse dos europeus em incluir a
agremiação no projeto de forma fixa. Na sequência, no entanto, houve a
pandemia, e foram paralisados quaisquer contatos com os clubes sul-americanos.
O projeto lançado pela Superliga evoluiu sem a inclusão de não-europeus. Até
porque está previsto de ser disputado nos meses de maio, junho e agosto em
meio de semana. Ou seja, seria inviável para países de outros continentes.
Ainda faltam três clubes a serem incluídos como fundadores e outros cinco
variáveis, mas a discussão é só entre europeus.
Mas o projeto prevê um Mundial de Clubes em janeiro, por três semanas, com
formato diferente do previsto pela Fifa. É um mata-mata com 32 clubes, sendo
12 deles da Superliga. Ainda seriam incluídos outros europeus fora da liga e
times de outros continentes, como a América do Sul. O projeto da Fifa previa
24 clubes.
Essa inclusão de times de outros continentes levou até a Conmebol a pressionar
a Fifa por uma nota de rejeição à Superliga. Todas as confederações se
posicionaram contra em janeiro. Naquela ocasião, parecia que os grandes clubes
europeus tinham recuado e aceitado uma reforma geral da Champions League como
compensação.
Mas anunciaram a nova Superliga justamente no dia anterior à Uefa divulgar o
novo formato da Champions League com maior número de jogos. A entidade também
tem o objetivo de ganhar mais dinheiro em sua competição. Por enquanto, os
times sul-americanos estão fora dessa discussão.
Em uma nota, a Fifa afirmou que prega um modelo solidário de distribuição de
recursos no futebol: "Contra esse contexto, a Fifa só pode expressar sua
desaprovação à "Liga fechada de ruptura da Europa" fora do sistema
internacional de estruturas do futebol e não respeitando os princípios acima".
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Fonte: https://www.uol.com.br/esporte/futebol/colunas/rodrigo-mattos/2021/04/20/flamengo-conversou-com-superliga-antes-da-pandemia-assim-como-boca-e-river.htm
Imagem: Ricardo Moreira/Zimel Press
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