Por Renato Maurício Prado | Uol: A melhor sacada sobre a goleada de 5 a
1 do Flamengo sobre o Madureira , até então o único invicto do Carioquinha,
foi de um internauta chamado Luís Paulo, nos comentários da live pós-jogo do
meu canal no YouTube com José Ilan. Escreveu o inspirado rubro-negro:
"Ceni aceitou Jesus! Agora vai!"
Sim, ao que tudo indica, Rogério Ceni soube aproveitar os 14 dias da mini
pré-temporada que teve com o elenco que conquistou o octacampeonato brasileiro
- meio aos trancos e barrancos - para chegar à (feliz) conclusão de que o
melhor caminho a trilhar era mesmo retomar o jeito de jogar do português
(responsável pelo hepta).
Tal qual na gloriosa temporada de 2019, o Flamengo volta a jogar em 2021 com
forte pressão na saída de bola do adversário, linha de zagueiros atuando bem
avançada e liberdade para os homens do meio-campo e do ataque se movimentarem
por todos os setores, em alta rotatividade, com intensa troca de passes - xô,
futebol de totó e afins! A qualidade técnica de Diego, Gerson, Arrascaeta,
Éverton Ribeiro, Gabigol e Bruno Henrique garante o resto.
Sim, o oponente era o frágil Madureira, assim como fora o Bangu na primeira
aparição dos titulares nesta temporada de 2021. Mas o mais importante nesses
dois jogos foi ver o time rubro-negro voltar a encantar, com um futebol
vistoso e eficiente, como não se via desde que Jorge Jesus resolveu voltar
para Portugal.
A primeira prova de fogo desse renascido time rubro-negro será no próximo dia
11, contra o Palmeiras , pela Supercopa do Brasil , em Brasília, no
inacreditável horário das 11 horas da manhã - a CBF e a Rede Globo, realmente,
não estão nem aí para a qualidade do jogo e a saúde dos jogadores.
Os atuais campeões da Libertadores e da Copa do Brasil , dirigidos pelo
competente lusitano Abel Ferreira, serão, com certeza, um oponente bem mais
complicado e perigosíssimo, acima de tudo por sua reconhecida qualidade nos
contra-ataques.
Exatamente por isso, muitos torcedores do Fla temem pela "avenida Isla/Arão"
no lado direito da defesa, contra a velocidade de Rony e a efetividade de Luís
Adriano. Faz sentido. Mas, não custa lembrar, essa é a maior aposta de Rogério
Ceni (o recuo de Arão para a zaga e a escalação de Diego como primeiro
volante) e, agora que "aceitou Jesus", a única diferença marcante do seu time
para o do português.
William Arão ainda tem claras dificuldades na zaga, principalmente em termos
de posicionamento - falhou no gol do Madureira, assinalado por um atacante que
ele ignorou na cobrança de escanteio. Mas é inegável que melhora muito a saída
de bola do rubro-negro e contribui na armação, com passes verticais, como o
que originou o gol de Gabigol, contra o Bangu.
Diego, por sua vez, subiu muito de produção ao jogar mais recuado e, mesmo com
funções defensivas (que vem cumprindo com eficiência), tem se tornado peça
importante no meio-campo, ao lado de Gerson e Arrascaeta. Até gol fez contra o
Madureira.
O custo/benefício dessa escolha, bem sucedida contra adversários mais fracos,
será posto à prova diante de rivais mais fortes, como o Palmeiras. Em caso de
insucesso, Rogério sempre terá a possibilidade de voltar a jogar com dois
zagueiros tradicionais caso queira - podendo também devolver Arão ao posto de
primeiro volante.
São escolhas a serem feitas durante a temporada. Para os torcedores do Mais
Querido, entretanto, o importante é que Ceni "aceitou Jesus". E, voltando a
jogar como em 2019, tudo fica mais fácil, e o Flamengo volta a ser forte
candidato a todos os títulos que disputar.
Em tempo: como era mesmo aquela história de que era impossível voltar a jogar
como nos tempos de Jesus, pois os treinos de cada treinador eram diferentes,
as cabeças e convicções de cada um únicas, etc, etc?
Quanta bobagem...
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Fonte: https://www.uol.com.br/esporte/futebol/colunas/renato-mauricio-prado/2021/04/06/ceni-aceitou-jesus-e-o-milagre-da-ressurreicao-do-fla-de-2019-aconteceu.htm
Imagem: Marcelo Cortes
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