A diretoria do Flamengo usará o novo modelo de transmissão do Carioca como um
teste para o que poderá ser o futuro do Brasileiro. A principal experiência é
o pay-per-view negociado em múltiplas plataformas em operadoras de TV e em
canais próprios. Será possível observar o potencial e seus ganhos em relação
ao que ocorre na Série A.
O contrato do Flamengo com a Globo pelo PPV do Brasileiro vai até 2024. Pelo
acordo, por conta de reajustes, o clube receberá um mínimo de R$ 144 milhões
para a próxima temporada de 2021. Mas a emissora só distribui 38% do valor
arrecadado com o premiere para os clubes —o dinheiro rubro-negro sai desse
bolo que gira entre R$ 500 milhões e R$ 600 milhões.
Pois bem, no Carioca, Flamengo, Vasco, Botafogo e Fluminense rejeitaram uma
proposta similar da Globo para levar todos os direitos. Em vez disso, venderam
os direitos de TV Aberta por menos para a Record, R$ 11 milhões, e vão
explorar os direitos de PPV por conta própria.
Primeiro, os custos de produção e filmagem dos jogos serão bancados com
recursos desse contrato de TV Aberta —foi contratada a produtora Casablanca
que trabalha para a Globo. Além disso, há um percentual da Ferj e da
Sportsview, que negociará o acordo. Isso reduzirá consideravelmente os valores
líquidos a serem recebidos pelos grandes clubes. Avalia-se que pode ficar em
menos de R$ 1 milhão. Então, o PPV é essencial para gerar receita.
Os clubes ficarão com 53% da receita dos pacotes vendidos pelas operadoras
como Sky, Claro e Vivo. O valor será dividido de acordo com o percentual de
torcida de cada time, o assinante declara sua preferência na compra. O
restante fica para as operadoras e custo de venda.
Além disso, cada clube fica com 100% das receitas da venda em seus canais
próprios. O Flamengo criou a FlaTV +. Não foram dados descontos para
sócios-torcedores porque o valor do pacote, R$ 129, tinha que ser igual ao das
operadoras. É possível dar desconto se o próprio clube subsidiar como fizeram
Botafogo e Fluminense.
O primeiro jogo não é ainda um bom teste para o Flamengo. Enfrentará o Nova
Iguaçu com seu time de juniores —já que titulares estão de férias— e com uma
partida que será transmitida em TV Aberta pela Record. Portanto, com a volta
da equipe principal, deve aumentar o volume de vendas.
O Flamengo não previu nenhum valor de receita pelos direitos do Carioca. Isso
dá ao clube liberdade para fazer os testes nos próximos anos sem a exigência
de gerar altos volumes de dinheiro. Além disso, será possível aproveitar para
testar outros conteúdos de esportes como basquete e vôlei e seus potenciais
para o PPV com a nova FlaTV +.
A questão da tecnologia é fundamental. Atualmente, a venda de jogos por canais
de streaming, sem operadoras de tv, esbarra em um sinal mais lento que causa
delay nos jogos. Há uma expectativa de que, até 2024, possa já estar instalado
o 5G no Brasil, o que resolveria o problema.
Em paralelo, além da Globo, há outros players investindo forte em conteúdo
para streaming como Amazon, Disney, Warner e Facebook. Todos têm braços
esportivos no Brasil. Ou seja, o desempenho do PPV do Carioca —o que pode
ocorrer posteriormente no Paulista— pode traçar se será mais vantajoso vender
direitos, fazer parcerias ou criar a operação da sua própria transmissão.
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Fonte: https://www.uol.com.br/esporte/futebol/colunas/rodrigo-mattos/2021/03/02/flamengo-usa-modelo-de-tv-do-carioca-como-laboratorio-para-brasileiro.htm
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