O jeito acelerado, concentrado em campo, às vezes dá a impressão de que se trata de um cara ranzinza, sério, não muito afeito a brincadeiras. Mas bastam três minutos de conversa depois do jogo e algumas perguntas sobre o passado de jogador para Maurício Souza, o Mauricinho, soltar o humor e o sotaque típico do carioca da Zona Norte. Mais precisamente, de Vila Isabel.
Mauricinho realmente era um camisa 8. Segundo volante da base do América, chegou a se profissionalizar e jogar três Campeonatos Cariocas, entre 1995 e 1997 e uma Série C. Depois, voltou ao futsal, esporte em que iniciou sua trajetória de atleta. Morou na Espanha, onde atuou por dois anos nas quadras.
- Eu era inteligente e técnico, mas não tinha força, e o jogo já tava ficando pegado. E não consegui jogar em alto nível - analisa Maurício.
A inteligência é admirada por vários colegas de profissão, que o definem como um "estrategista", que sabe se adaptar aos grupos que comanda e fazer com que esses jogadores evoluam no processo, seja qual for o estilo de jogo da equipe. No Botafogo, variou entre ter a posse de bola e jogar mais no contragolpe, quando enfrentava adversários mais fortes. No Flamengo sub-20, com o número de desfalques que tem e a sequência desgastante da Copinha, também varia.
- Eu gosto de jogar com a bola, com posse, propondo o jogo, mas às vezes isso não é possível por alguns motivos. Então busco me adequar sempre às características do elenco que tenho - diz.
Voltemos, pois, à trajetória dele. Após a tentativa no América, Maurício chegou a ir para a Espanha jogar futsal e atuou no Brasil também. Conciliando com o curso de educação física e já pensando em uma transição para ser treinador. Quando jogava futsal no Casa de España, veio o convite, em 2005, para assumir a equipe mirim, feito pelo falecido Ricardo Lucena, uma referência no futsal carioca. E prontamente aceito.
Em 2010, o Botafogo fez uma parceria com o Casa de España e Maurício assumiu a equipe pré-mirim do Botafogo, já no campo. A partir daí, passou por todas as categorias e chegou até a ser auxiliar de Eduardo Húngaro nos profissionais, em 2014, quando era técnico do sub-20. No mesmo ano, foi campeão carioca sub-20, derrotando o Fluminense de Gerson, Marlon, Gustavo Scarpa e Kenedy na decisão.
No Fogão, Maurício comandou nomes que estão nos profissionais hoje, como Igor Rabello, Vinícius Tanque e Fernandes. Em alguns casos, mudou jogadores de posição. Marcinho, por exemplo, era atacante e foi adaptado na lateral direita. Ribamar, então volante, virou centroavante, e com a 9 foi vendido ao futebol alemão.
A saída do Alvinegro aconteceu em 2016, e pouco depois Maurício foi para o Flamengo. Começou como coordenador de futsal, passou pelo sub-16, foi vice-campeão da Taça BH Sub-17 e chegou ao time sub-20 no final do ano passado, após a saída de Gilmar Popoca. Em sua segunda competição nacional com o sub-20, chega à decisão de uma Copa São Paulo pela primeira vez na carreira. E tira de letra as mudanças que precisa fazer a cada jogo.
- Isso faz parte do processo de formação. O importante é que quem entra está dando uma boa resposta, e é isso o que nos fez chegar onde estamos.
Fonte: https://globoesporte.globo.com/blogs/na-base-da-bola/post/2018/01/24/cria-do-futsal-tecnico-do-fla-sub-20-busca-titulo-inedito-na-carreira.ghtml
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