Como Flamengo mudou dieta de Gabigol para corrigir falha na recuperação física



A frase “Hoje tem gol do Gabigol” e a comemoração em que o jogador exibe sua força viraram marcas desde o ano passado. Por trás de números indiscutíveis, porém, o atacante do Flamengo deu sinais de sobrecarga que prejudicaram seu rendimento ideal.


O departamento médico do clube detectou na parte final de 2019 uma queda física que fazia com que Gabriel demorasse mais do que o seu normal para se recuperar durante e entre os jogos.

Há jogadores que precisam de até 72 horas para normalizar e reequilibrar a parte física. Outros, de apenas 48 ou 36 horas. Gabigol ocupava o último grupo.

Mas uma alimentação insuficiente fazia com que o atleta perdesse massa muscular, usada indevidamente como fonte de energia. Os sinais se apresentaram: pernas mais pesadas, relatos de demora para recuperar o fôlego entre as jogadas e o corpo “moído” ao acordar no dia seguinte.

O atacante apresentava uma taxa de cortisol alta. O hormônio fica elevado quando a alimentação não está na quantidade ideal.


Desde que o problema foi diagnosticado, não havia um treinamento no Ninho do Urubu, antes da parada por causa da pandemia do coronavírus, em que o suplemento destinado a Gabigol não estivesse pronto para ser consumido após a atividade. Embora ele se alimente bem, as dosagens de carboidrato e proteína foram elevadas, tanto na alimentação em casa como após as partidas. O jogador passou a consumir tais substâncias também antes de treinos e jogos. A proposta da comissão técnica foi adequar esta parte nutricional aos níveis de excelência que Gabigol apresentava nos treinos físicos. Acostumado e empolgado com a academia desde cedo, o jogador de 23 anos viu que precisava ser mais completo como atleta.

— Ele é viciado em bater recordes, e para conquistar esses objetivos percebeu que tem que ser atleta. A gente dá o subsídio. Fomos ajustando com o tempo. O que é prescrito, ele faz. Sempre busca algo a mais. Não à toa, jogou todos os jogos ano passado. Esse ano também, é fominha. Tem que convencer ele a equilibrar. Cada vez mais tem esse amadurecimento e mudança de pensamento — elogia o chefe do departamento médico, Marcio Tannure.

Gabriel foi parar então nas mãos do nutricionista Thiago Monteiro, que deixou o clube este ano, mas ainda atende alguns atletas em seu consultório. Enquanto estava no Flamengo, o profissional adequou o cardápio do jogador aos horários de treinos e jogos, com mais quantidade de carboidrato e proteína em algumas refeições. Na ceia na véspera de treinos, Gabigol come pão, salada de frutas, bolo integral. Depois dos jogos, consome carboidrato e um suplemento de proteína. Normalmente o jogador ia dormir sem ingerir alimentos em quantidade adequada, segundo os profissionais do clube. Com isso, não aproveitava a noite de sono para reestruturar as fibras musculares e acelerar sua recuperação física.


Durante a madrugada, o atleta precisa de substâncias anti-inflamatórias e antioxidantes para que a recuperação seja otimizada. O processo obrigava a preparação física do Flamengo a alterar a carga de treino no dia seguinte e Gabigol não conseguia o mesmo rendimento. Depois que passou a se alimentar bem e em quantidade certa, tudo voltou ao normal.

— Ele aderiu a todos os processos e métodos. Não posso obrigar o cara a fazer algo em casa, tentamos controlar quando estão com a gente — completou Tannure.

Porém, todo o trabalho de ajuste na alimentação de Gabigol — que começou no fim de 2019, e foi retomado após o acerto do jogador com o clube em 2020 — terá que ser novamente reiniciado após as inesperadas férias que o jogador goza devido à parada pela pandemia de coronavírus.


Fonte: O Globo

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