A Comissão de Esportes da Câmara dos Deputados realizará nesta quarta-feira, às 14h30, em Brasília, um debate sobre clube-empresa, com a participação de clubes, da CBF e de especialistas. A ideia é ouvir as ideias dos atores diretamente afetados. O texto é visto pelos dirigentes como controverso.
Se não for atingido pelas novidades impostas pelo texto, o Flamengo não se opõe ao projeto para incentivar o clube-empresa. Mas a diretoria informou ao relator do projeto, o deputado Pedro Paulo (DEM-RJ), que se inspira no formato associativo do Real Madrid e quer crescer como clube social. “Fazemos isso há 100 anos e não queremos mudar”, diz um dos dirigentes.
O clube-empresa foi debatido em reunião do Conselho Diretor do Flamengo na última segunda-feira, em preparação para o encontro em Brasília. Landim lidera a discussão política ao lado de Luiz Eduardo Baptista, o Bap, e tem auxílio do CEO, Reinaldo Belotti.
O desejo de Maia e Pedro Paulo é que o projeto seja votado ainda neste mês.
— Não vamos fazer projeto para cartola. É para a modernização do futebol brasileiro — afirmou Pedro Paulo.
Segundo o parlamentar, há atores no futebol que não estão interessados porque não querem ser fiscalizados.
A comissão de clubes da CBF deixou explícita na semana passada a contrariedade ao avanço do projeto da maneira que está. Na visão dos dirigentes, a falta de uma versão pública atualizada, inclusive, dificulta a compreensão sobre os pontos inseridos na proposta.
O presidente do Vasco, Alexandre Campello, conversou com Pedro Paulo após o encontro de quinta-feira e ouviu do deputado mais alegações sobre a necessidade de se criar ambiente favorável para investimentos.
Mas um argumento recorrente dos clubes é que a previsão de mudança de natureza jurídica já existe na legislação. E nem por isso o modelo associativo é deixado para trás. No Rio, o Botafogo é quem mais se aproxima da criação de uma empresa para gerir o futebol. Mas, assim como o Fluminense, está unido aos outros clubes nas ressalvas ao texto.
— Criar mais impostos tira a competitividade dos clubes. Pode ser uma cortina de fumaça, uma armadilha. No fundo, querem taxar os clubes — alertou Campello, lembrando iniciativa recente da Receita Federal de notificar clubes como Palmeiras e São Paulo para cobrar deles impostos aplicados às empresas.
Principais itens em discussão
Herança do passivo - O texto, por ora, prevê que caso haja a separação entre empresa/futebol e clube social, os novos investidores assumam as dívidas do período associativo. Com o novo modelo jurídico, seria conduzido o processo de renegociação do passivo.
Controle acionário - Ao se tornarem empresas, os clubes cedem os direitos da gestão do futebol a um investidor. O controle acionário e, por consequência, as decisões administrativas, saem das mãos dos presidentes atuais. Isso esvaziaria o poder político dos dirigentes estatutários.
Celeridade para votação - Os dirigentes já deixaram claro que não têm pressa para votar o texto. A defesa é por um debate mais extenso sobre os itens em pauta.
Fonte: https://oglobo.globo.com/esportes/flamengo-condena-intervencao-por-clube-empresa-quer-seguir-modelo-real-madrid-24003923
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