Ebulição da Gávea ao Ninho: Flamengo vive clima de incerteza dentro e fora de campo



É em um cenário de incertezas e extrema pressão, da Gávea ao Ninho do Urubu, que o Flamengo busca soluções para o jogo mais importante do semestre. A cinco dias de decidir a vida na Libertadores em Montevidéu, no Uruguai, contra o Peñarol, a permanência de Abel Braga até lá não está garantida. Mas as indefinições não se restringem à comissão técnica.



Elenco cansado, peças importantes fora de combate, oscilações intermináveis, esquema tático questionado e críticas para todos os lados têm exposto falhas de planejamento para uma competição que o clube não conquista há 38 anos e é sua prioridade. Mas que, temporada após temporada, teima em ser ao mesmo tempo sonho e pesadelo do torcedor rubro-negro.

Abel na berlinda

Por ora, Abel continua no cargo e vai comandar normalmente o treino na tarde desta sexta-feira no Ninho do Urubu. Porém, se na semana passada o discurso dentro do departamento de futebol era de que o técnico não estava ameaçado, hoje nenhum dirigente nos bastidores banca que ele estará no jogo contra o Peñarol na próxima quarta-feira, às 21h30 (de Brasília), no Estádio Campeón del Siglo, em Montevidéu, pela última rodada da fase de grupos da Libertadores.



Não é de hoje que o treinador é contestado nas arquibancadas e nas redes sociais, mas desde a derrota para a LDU em Quito, no Equador, que as críticas passaram a ecoar dentro do clube. O novo tropeço diante do Inter no Beira-Rio fez a situação crescer internamente, agora dentro do departamento de futebol. O noticiário em relação à situação de Abel já agita o mercado, e nomes de técnicos sul-americanos foram oferecidos para a diretoria nas últimas horas.

Abel conta com um aproveitamento alto após 26 jogos: 69,2% (16 vitórias, 6 empates e 4 derrotas. Porém, no Fla ultimamente os números não são garantias de nada. Paulo César Carpegiani, por exemplo, foi demitido em 2018 com 70,5%. Um ano antes, Zé Ricardo foi desligado com 62,1%. E na temporada passada, Dorival Júnior não teve seu contrato renovado, mesmo com 66,6%.



Os danos de uma eventual eliminação da Libertadores em Montevidéu são imensuráveis e podem levar a mudanças em outras esferas, além da comissão técnica. A questão que aflige e divide opiniões é: manter o discurso e quebrar a prática habitual do Flamengo nas últimas temporadas, de trocar o treinador a cada semestre, ou agir imediatamente em busca de soluções a curto prazo para o futebol. Há defensores das duas ideias dentro do clube.

Quem apoia a saída de Abel se baseia no argumento de falta de padrão e consistência da equipe em quatro meses de trabalho e acredita que uma troca imediata pode dar novo ânimo para salvar o "projeto Libertadores". Por outro lado, quem é contrário à ideia vê a demissão como um tiro no pé neste momento, uma vez que o tempo é curto para buscar um substituto, que não teria tempo de mudanças radicais, e o time atual, embora oscile, já deu resposta em outros jogos.

Dúvidas no campo-bola


Trocas de posições tem deixado o time sem uma identidade e gerado insatisfação — Foto: Alexandre Vidal / Flamengo
Trocas de posições tem deixado o time sem uma identidade e gerado insatisfação — Foto: Alexandre Vidal / Flamengo



A sensação de insegurança aumentou também dentro de campo. O jogo no Beira-Rio foi o ensaio final antes da "decisão" contra o Peñarol, já que domingo o Flamengo vai com reservas contra o São Paulo para preservar e descansar os titulares. Porém, o desempenho foi muito abaixo da equipe na derrota para o Inter e causou grandes preocupações. Se repetir a atuação desastrosa, principalmente do primeiro tempo, o time dificilmente conseguirá segurar o empate no Uruguai.

A questão de posicionamento também tem deixado o time sem uma identidade, especialmente no ataque, e gerado insatisfação. Gabigol talvez seja o que mais caiu de rendimento ao ser deslocado de centroavante para ponta-direita; Arrascaeta tem tido brilhos pontuais, mas ainda não se encontrou no time titular, seja na esquerda ou no meio; seu concorrente direto, Diego não vem entrando bem nos jogos. Só Bruno Henrique vinha rendendo como falso 9 até a última partida.



Oscilação desde o fim do revezamento: perdeu do Peñarol jogando mal; empatou com o Fluminense jogando bem; goleou o San José sem convencer; fez grande partida contra o Vasco no primeiro jogo da final; jogou para o gasto no segundo; voltou a decepcionar contra a LDU; teve atuação de destaque ao bater o Cruzeiro; e novamente foi mal diante do Inter.

O estado físico do grupo também preocupa e ajuda a explicar as muitas oscilações. No planejamento inicial, o time principal seria poupado contra o Cruzeiro, mas a derrota em Quito, no Equador, alterou os planos. Com isso, os titulares vêm de uma sequência pesada de quatro jogos importantes em 10 dias – Vasco, LDU, Cruzeiro e Inter. Às vésperas de seu jogo mais importante do semestre, o Flamengo junta os cacos e não sabe se terá algumas peças.

Dos titulares, Diego Alves ainda se recupera de uma lombalgia, e Rodrigo Caio não vem treinando com bola após o choque de cabeça no último sábado. As condições de alguns reservas importantes também não são as ideais: Vitinho teve uma forte gripe e perdeu uma semana de treinamento com o elenco; Piris da Motta voltou a ser relacionado, mas não joga há mais de um mês; Berrío e Uribe também têm chances de voltar, mas estão fora de combate há um bom tempo.

Viagem casada e "paz"


Fla fará viagem casada até Montevidéu, e expectativa é de que Diego Alves e Vitinho viajem — Foto: Alexandre Vidal / Flamengo
Fla fará viagem casada até Montevidéu, e expectativa é de que Diego Alves e Vitinho viajem — Foto: Alexandre Vidal / Flamengo


Precisando de um empate no Uruguai para garantir a liderança do grupo e a classificação para as oitavas de final da Libertadores, o Flamengo deixa o Rio de Janeiro neste sábado e só retornará na quinta-feira – a programação já estava montada antes mesmo de perder para o Inter, e a delegação irá de São Paulo para Montevidéu na segunda.

Na capital paulista, o Flamengo vai treinar com os titulares e terá um pouco mais de tranquilidade para trabalhar longe da pressão que ronda o Rubro-Negro no Rio. E o time de Abelão, que já conseguiu espantar a pressão em outras duas oportunidades esse ano, após as derrotas para o Peñarol e LDU, tentará repetir o feito diante de uma iminente crise.


Fonte: https://globoesporte.globo.com/futebol/times/flamengo/noticia/ebulicao-da-gavea-ao-ninho-flamengo-vive-clima-de-incerteza-dentro-e-fora-de-campo.ghtml

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