Uol:
A derrota por 2 a 0 para o Fluminense , pela ida da final do Carioca ,
evidenciou a dificuldade que o Flamengo vem apresentando para desempenhar um
bom futebol , mas também trouxe à tona questões que ajudam a explicar o
momento delicado.
A aposta em Paulo Sousa foi vista como uma tentativa de trazer novamente ares
de cobrança para o Ninho do Urubu, porém jogadores e o técnico português ainda
não falam a mesma língua, e o Rubro-Negro vive um ambiente conturbado a dias
da decisão do Carioca.
Após o jogo, o desconforto era evidente no semblante de dirigentes e
jogadores. Único a falar com a imprensa, o lateral-esquerdo Filipe Luís
manteve a serenidade, mas deixou claro que há um descompasso entre o que o
técnico deseja e o que está sendo entregue. Uma certa intransigência ao
esquema tático é outro alvo de queixas nos bastidores.
"Foi um resultado péssimo, mas esse escudo é capaz do impossível. Sabemos que
está difícil. Todas as críticas são válidas. Nosso time ainda não jogou o
futebol que a torcida quer. A gente não está sendo avassalador como a gente
espera, talvez ainda falte química no sistema", Filipe Luís.
Essa tal química no sistema tem resultado em mudanças incessantes de peças e
posicionamentos, o que, é claro, gera insatisfações em um grupo habituado a
vencer praticamente tudo que disputa desde 2019. Sousa veio com a missão de
tirar a equipe de uma suposta zona de conforto, mas isso muitas vezes gera
insatisfações e ainda não há a simbiose desejada.
O goleiro Diego Alves, que atualmente é reserva de Hugo, que foi abraçado
definitivamente por Sousa e o preparador de goleiros Paulo Grilo. O camisa 1
sinalizou que está à disposição para intensificar o trabalho com treinos à
parte para aumentar a carga de trabalho e readquirir a confiança da dupla.
Em algumas declarações públicas, o treinador passa a mensagem de que há falta
de compreensão dos jogadores em relação às funções. Isso também é visto como
uma exposição excessiva por alguns. Após o revés no Fla x Flu, ele mudou um
pouco o discurso e chamou também para si uma parcela da responsabilidade pelo
fracasso.
"Minha parcela é maior do que a de todos os nossos jogadores. Claro que não
sou eu que estou em campo a tomar decisões a nível de controle, de passe e de
drible, de cruzamentos e em decisões com bola ou sem bola. Com certeza sou eu
quem tomo as decisões de quem vai jogar e das substituições", disse ele, que
acrescentou:
"Estivemos todos muito mal individualmente, tecnicamente, taticamente. E eu
sou o primeiro a me colocar à frente do grupo. As coisas não funcionaram.
Tecnicamente, tentamos acelerar demais o jogo com muito poucas situações,
sobretudo no passe de pouca qualidade".
Quando chegou, o português se reuniu com as lideranças e deixou claro que não
havia vaga cativa no elenco, assim como foi informado pela cúpula de futebol
sobre a hierarquia que havia entre os capitães do elenco. Por isso, causou
certa estranheza quando Sousa optou por entregar a faixa para Gabigol em
algumas ocasiões. Jogadores mais velhos viram uma certa quebra da cadeia de
comando, já que Willian Arão, por exemplo, poderia ter sido o eleito nas
ausências de Alves, Diego Ribas e Everton Ribeiro. Ontem (30), a tarja ficou
com o volante quando Ribeiro saiu.
Fato é que o Rubro-negro se vê em xeque no início da temporada e a evolução
não é considerada a ideal. No final de março, a expectativa era de que o time
já estivesse produzindo mais e melhor. O tempo para ajustes é curto e a
caminhada ainda parece longa.
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Imagem: Divulgação