Por Fred Huber | GE:
O técnico Paulo Sousa chegou ao Flamengo ideias novas para o time e, além do
esquema tático, já deu indicações do estilo que pretende seguir. No empate em
2 a 2 com o Atlético-MG no tempo regulamentar, chamou a atenção a quantidade
menor de troca de passes, com mais ligação direta da defesa para o ataque.
Foi uma estratégica específica para enfrentar o Galo? A sequência do trabalho
do português vai dizer, mas alguns números exemplificam a mudança de estilo
que vai além implementação do sistema 3-4-3.
A média de troca de passes do Flamengo no último Brasileiro foi de 482 por
partida. No Carioca deste ano, o número caiu para 448. No Fla-Flu, foram 414.
Contra o Atlético, o número caiu para 253 passes (87,3% certos) contra o
Atlético, que teve 374 (92% certos).
O mapa de calor do Flamengo na Supercopa mostra que o time usou bastante a
ligação direta e que a bola ficou menos tempo no meio de campo, em comparação
com o do Galo.
Mapa de calor do Flamengo na Supercopa (ataque da esquerda para direita) —
Foto: Footstats
Mapa de calor do Atlético na Supercopa (ataque da esquerda para direita) —
Foto: Footstats
Para o comentarista Carlos Eduardo Mansur, há algumas explicações para o
número reduzido de troca de passes, como o fato de o Atlético ser um time que
também procura o ataque e permite ao adversário chegar a seu campo de defesa
com mais facilidade.
Ele lembrou que o trabalho de Paulo Sousa ainda está no início, mas acredita
que a filosofia do treinador será a de controlar o jogo, ter a bola, mas
utilizar mais os passes verticais.
- Me chama atenção como ele não arriscou na saída de bola diante de uma
pressão. Talvez por ser um início de trabalho. O número de passes, mesmo no
Carioca, com adversários que se fecham mais, não é gigantesco. Não está na
casa do que o Flamengo chegou a ter com o Dome, que era uma construção mais
paciente, ou mesmo com o Rogério Ceni, com 600 passes.
O que podemos dizer? Acho que a diminuição teve a ver também com a natureza do
jogo, que não era contra um adversário colocado atrás. Então, em tese,
consegue chegar na zona de finalização mais rapidamente. Outra questão é de
característica mesmo. É observarmos com o decorrer do trabalho se o Paulo
Sousa vai tentar que o time tenha posse, iniciativa, mas tente concluir as
jogadas rapidamente, com passes mais verticais. Me parece uma orientação neste
início. O Flamengo cria tentando chegar mais rapidamente ao gol, com passes
que rompam as linhas adversárias.
Existe uma célebre frase do Guardiola. Ele diz que o time precisa de pelo
menos 15 passes para estar organizado para construir a ação ofensiva. Há
técnicos que pensam diferente, que acreditam que com menos passes a defesa
adversária vai estar menos organizada. São concepções de jogo. Aparentemente o
Paulo Sousa vai querer controlar o jogo, ter a bola, mas tentar ao máximo que
a construção seja com passes verticais- analisou Mansur.
O Flamengo volta a campo nesta quarta-feira, às 20h, para enfrentar o
Botafogo, no estádio Nilton Santos.
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Imagem: Gilvan de Souza