David Luiz vai além dos microfones e faz cobranças firmes ao elenco do Flamengo




Por Cahê Mota | GE: Declaração forte diante dos microfones e mais incisiva ainda no vestiário. David Luiz não mandou recado. Com pouco mais de três meses, o zagueiro assumiu o papel de líder do elenco do Flamengo e cobrou com firmeza os companheiros após a derrota para o Santos, segunda-feira. O principal ponto: o comportamento muitas vezes relaxado ao longo da temporada e a transferência de responsabilidade.




Em silêncio, os companheiros absorveram e aceitaram as palavras do zagueiro, que fez discurso botando o dedo em feridas e indicando pontos que precisam mudar para 2022. Testemunhas relatam que David foi educado, mas contundente em suas palavras e que, sem mencionar nomes, fez com que todos entendessem os recados coletivos e direcionados.

O camisa 23 usou palavras como "valorizar a carreira e a oportunidade de estar ali fazendo o que ama, que é jogar futebol". Já antes da partida, David cobrou uma postura diferente da que considerou ruim no empate com o Sport, três dias antes, e reforçou na despedida da temporada que o mesmo se repetiu diante do Santos. Ninguém retrucou.



Relatos indicam que o treinador Maurício Souza também foi bastante enérgico nas cobranças ainda no intervalo contra o Santos. No segundo tempo, porém, o time sofreu o gol e perdeu a partida.

O ge apurou com profissionais que vivem o cotidiano do clube que há um descontentamento com a forma relaxada com que alguns jogadores conduziram o dia a dia de trabalho ao longo do ano. O tom contestador, muitas vezes elogiado neste elenco, passou do ponto e há uma insistência em citar sempre 2019 como exemplo para tudo.



David Luiz cobrou que os jogadores cada vez mais assumam sua responsabilidade nos momentos ruins que o Flamengo viveu ao longo da temporada. Com Rogério Ceni, Renato Gaúcho e departamentos como o médico e o de preparação física no alvo, os atletas em muitos momentos questionavam mais internamente do que dividiam o peso dos momentos de pressão.

Auxiliares técnicos como Charles Hembert - de Rogério Ceni -, Alexandre Mendes -de Renato Gaúcho - e Marcelo "Fera" Salles tiveram dificuldade de se impor como autoridade para execução de atividades do dia a dia. Se não houve casos de indisciplina escancarados, há a percepção de que o elenco não "trabalhava todos os dias no limite", como em frase pinçada da própria entrevista de David Luiz ao Premiere.



- Cabe a nós trabalhar, ter a humildade de reconhecer o que não fizemos de bom e que temos que melhorar muito para o ano que vem. Cabe a nós entender que no futebol você tem que ter brio, força de vontade todos os dias, trabalhar todos os dias no limite e este grupo precisa amadurecer e crescer. Ficam essas as lições.

Por mais fortes que tenham sido as palavras, o posicionamento de David Luiz repercutiu bem internamente em diretoria e elenco. Ligou um sinal de alerta para 2022 e expôs ainda mais a liderança do zagueiro, que é elogiado pela postura, principalmente de aconselhamento e proximidade dos mais jovens. Em entrevista recente à Fla TV, Michael destacou justamente essa preocupação de David em orientar os companheiros.



- É um cara que eu via muito na TV. Trabalhar com ele está sendo uma experiência muito bacana. É um cara que dá conselho, oportunidade de a gente crescer e tem suas convicções. A experiência dele conta muito. Sou um cara que gosto de ouvir porque quero evoluir na vida. Como ele tem essa experiência e quer me ajudar em algo, eu também quero muito. Eu o ouço muito, está sendo muito importante para o nosso elenco porque está nos ajudando dentro e fora de campo. Espero que ele possa ficar muito tempo com a gente - afirmou o camisa 19.

Foi David quem mais se aproximou e confortou Andreas Pereira após o erro decisivo na final da Libertadores. Os dois, por sinal, têm relação bem próxima em grupo que conta ainda com nomes como Bruno Henrique, Pedro, Matheuzinho, Rodinei, entre outros.



Com o último compromisso de 2021 protocolar diante do Atlético-GO, nesta quinta-feira, em Goiânia, o Flamengo segue em busca de um técnico que centralize decisões na próxima temporada. O recado final para os jogadores, por sua vez, foi claro: a frustração pela ausência de títulos de relevância neste ano é de responsabilidade de todos.


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Imagem: Agustin Marcarian/Reuters

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