Por Tatiana Furtado | Extra:
Ver o Flamengo disputar a final da Libertadores era um sonho distante nas
décadas passadas. Agora, o torcedor rubro-negro pode se considerar mal
acostumado. Porém, acompanhar a decisão deste ano em Montevidéu tem se
transformado em uma missão quase impossível, cheia de percalços e muito
dinheiro desembolsado.
O carioca Leonardo de Almeida, de 44 anos, já teve o primeiro empecilho em
casa. Casado com a curitibana e torcedora do Athetico-PR Edhea Lazzari, de 48
anos, a viagem para o Uruguai estava vinculada à ida do clube paranaense à
final da Sul-Americana. O rubro-negro nunca torceu tanto para outro time
quanto no dia 30 do mês passado, quando o Athletico-PR venceu o Peñarol.
— Com nossos times nas finais, começamos a viabilizar a viagem. Inicialmente,
seriam 10 dias para pegar as duas decisões. Mas sairia mais de R$ 34 mil, sem
contar os ingressos. Se esticássemos a viagem, cairia para 1/4 do valor. Então
resolvemos unir o útil ao bem agradável, ver as finais e comemorar 20 anos de
casados com uma viagem ao Uruguai com um casal de amigos — conta ele, que
pensa em fazer upgrade do plano de sócio-torcedor para ter mais chances de
comprar ingresso.
Longe do Rio, Gabriel Heinzen, de 23 anos, espera levar o pai, Dejailson
Fernando Heinzen, ao jogo como presente de aniversário. Parte do esquema está
pronto, e será longo. Eles compraram uma excursão saindo de Itajaí, em Santa
Catarina, até Piriapólis, que dura um dia de viagem. De lá, mais 100km de
Montevidéu. A grande questão agora é conseguir o ingresso, pois eles não têm
sócio-torcedor e os valores são muito altos:
— Estávamos pensando em gastar R$1.400 no total, e já vimos que vai ser bem
mais. Não gosto nem de pensar nessa possibilidade, seria triste demais. Acho
que o jeito é ir mesmo assim e tentar uma forma de ver o jogo por lá.
O torcedor do Flamengo Carlos Henrique Teles, 46 anos, na final da
Libertadores em Lima. Ele quer repetir a dose em MontevidéuO torcedor do
Flamengo Carlos Henrique Teles, 46 anos, na final da Libertadores em Lima. Ele
quer repetir a dose em Montevidéu Foto: Arquivo PessoalNem mesmo os torcedores
mais confiantes, que compraram passagens ou reservaram hospedagem antes mesmo
de o Flamengo confirmar presença na final, tiveram vida tranquila na
organização da viagem. E ainda vivem o suspense de conseguir o ingresso ou
não.
O economista Carlos Henrique Teles Gonçalves, de 46 anos, por exemplo,
reservou um apartamento pelo Airbnb ainda em agosto, num bairro nobre de
Montevidéu.
— Quase 2 meses depois, cancelaram minha reserva. O reembolso foi integral .
Só que para me hospedar novamente pelo mesmo período, tive que desembolsar R$4
mil, mais que o dobro, e perto de uma comunidade.
Rafael Luiz Ribeiro, 35 anos, no Maracanã: esperança de conseguir ingresso
para a final, apesar do preço abusivoRafael Luiz Ribeiro, 35 anos, no
Maracanã: esperança de conseguir ingresso para a final, apesar do preço
abusivo Foto: Arquivo PessoalO técnico de segurança do trabalho Rafael Luiz
Ribeiro, de 35 anos, viveu algo semelhante. Com passagem já comprada para
Porto Alegre (de lá vai de carro ou van para o Uruguai com outras pessoas),
teve a reserva feita há quatro meses cancelada:
— Depois de cinco tentativas, consegui fechar hospedagem, mas longe do centro,
a 20 minutos. Agora é conseguir comprar o ingresso, que está com preço
abusivo, mais que caro que jogo da Champions. Sou prioridade 3 e para mudar de
plano, a carência é de um ano, não mais seis meses. Eles mudaram a regra após
a semifinal.
Em nota, o Airbnb informa que "está apurando o caso relatado pela reportagem,
destaca que possui políticas de uso e que qualquer usuário que desrespeite
essas regras, sejam hóspedes ou anfitriões, de residências ou hotéis, estão
sujeitos às medidas cabíveis, que podem incluir a remoção da plataforma. Além
disso, o Airbnb ressalta que oferece suporte a hóspedes e anfitriões 24 horas
por dia, 7 dias por semana, por meio da Central de Ajuda, que pode ser
acionado para apoio em qualquer fase de uma reserva, desde a busca da
acomodação, passando pela estadia até o check-out, ou mesmo para denúncias
sobre quebra das regras da plataforma. Sobre fechamento de calendários de
reservas ou retirada de anúncios das acomodações, a plataforma informa que a
comunicação aos hóspedes deve ser feita diretamente pelo anfitrião, seja de
residência ou hotel. Em caso de falha do anfitrião nesse sentido, o Airbnb
informa que o reembolso é feito ao hóspede e o anfitrião não recebe qualquer
pagamento".
VEJA AS ÚLTIMAS NOTÍCIAS
Imagem: Fabio Rossi / Agência O Globo