- O Flamengo tem que manter esta intensidade. Quem não estiver aguentando, que peça para sair.
A frase de Bruno Henrique no intervalo da partida contra o Athletico Paranaense, quando o Flamengo já vencia por 2 a 0, mostra o nível de cobrança dos próprios jogadores em relação ao rendimento do time de Jorge Jesus.
É curioso que, com apenas quatro jogos oficiais no ano, a discussão seja mais sobre por quanto tempo o time pode manter o nível de desempenho com que começa os jogos.
A vitória incontestável por 3 a 0 sobre o Athletico deu ao Flamengo o primeiro título do ano, a Supercopa do Brasil. E foi um recado claro do que pode se esperar do Rubro-Negro em 2020.
O Flamengo construiu a vitória com absoluta tranquilidade. Como Jorge Jesus disse na coletiva, os primeiros 30 minutos foram espetaculares. Os jogadores do Athletico pareciam crianças atordoadas que, sem entender o que aconteciam, logo entregavam de volta a bola ao rival, seja em passes errados ou desarmes – cabe destaque a Willian Arão, chefe absoluto do meio-campo.
Nestes 30 minutos, o Flamengo abriu 2 a 0 com o cardápio já conhecido da torcida: defesa avançada encurralando o ataque rival, e quarteto ofensivo em movimentação constante.
E cabe uma observação interessante: ao ser questionado na coletiva sobre seu posicionamento, mais aberto à direita, Gabigol afirmou que partiu dele a iniciativa, ao perceber o espaço pelo setor. Mostra de como os jogadores rubro-negros possuem uma leitura de jogo acima da média.
Regulando a intensidade
Com o grande início do Flamengo, a questão passou a ser até quando o time manteria o nível. A lembrança do jogo contra o Fluminense, em que a equipe reduziu a intensidade e se viu pressionada no fim, veio logo à tona.
Logo após o segundo gol, houve nova queda de concentração. E a forma como o Flamengo joga não permite isso. Especialmente na defesa, com seu posicionamento alto e exigência de decisões rápidas, não há espaço para falta de foco. Em duas ou três bobeiras rubro-negras, o Athletico chegou com perigo.
Mas nada como um jogo após o outro. E a prova de que este Flamengo pode sempre melhorar.
O Flamengo tinha duas opções para abordar o segundo tempo. Poderia manter exatamente a mesma intensidade e redobrar o nível de atenção – tarefa talvez mais desgastante mentalmente do que fisicamente, especialmente a três dias de uma final sul-americana – ou controlar o jogo de outra maneira.
A opção de Jorge Jesus foi a segunda – e mostra como o técnico tem tanto domínio de seu time que pode variar sutilmente a forma de jogo.
O Flamengo do segundo tempo seguiu controlando o jogo, mas, em vez da imposição territorial da etapa inicial, passou a ser mais pragmático. Deu mais campo ao Athletico e passou a apostar em contra-ataques extremamente perigosos. Bruno Henrique desperdiçou uma chance na frente de Santos antes de disparar pela esquerda e construir a jogada do terceiro gol de Arrascaeta.
A lição desta Supercopa é clara. O Flamengo tem tudo para continuar se impondo tecnicamente e taticamente. Mas começa a construir também maneiras de jogar para não precisar se desgastar tanto e evitar possíveis apagões. O próximo desafio será diferente: a altitude e um adversário sul-americano. Veremos o que Jorge Jesus prepara desta vez.
Fonte: https://globoesporte.globo.com/futebol/times/flamengo/noticia/analise-flamengo-mostra-outro-patamar-tecnico-e-tatico-e-aprende-licao-sobre-intensidade.ghtml
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