Vitinho troca de clube por 10 milhões de euros. A frase é verdadeira em 2018, para anunciar sua chegada ao Flamengo, como também era em 2013, quando a então promessa do Botafogo pegou o caminho inverso e deixou o Rio para assinar com o CSKA de Moscou, clube que agora deixa em definitivo. Em cinco anos, Vitinho acumulou idas e vindas que o deixaram no mesmo lugar. Ontem, terminou seu último ato no CSKA com outra dose de felicidade: em Níjni Novgorod, o CSKA derrotou o Lokomotiv por 1 a 0, na prorrogação, conquistando a Copa da Rússia. O brasileiro não marcou, mas acertou uma bola no travessão e teve boa movimentação. Horas depois, CSKA e Flamengo anunciaram a transferência. Agora, o atacante recalcula aonde sua carreira vai.
Só que a mudança, daquela vez, não trouxe felicidade. No lugar da titularidade e da atenção que tinha no Rio, Vitinho acabou escondido na Rússia. Jogou 18 vezes em sua primeira temporada, a metade do que disputara no ano incompleto de Botafogo. Foi titular em apenas quatro delas. Não marcou.
Fase colorada e banco
Para a família, o inverno de Moscou se mostrou rigoroso até demais. Quando a temporada seguinte começou do mesmo jeito que a anterior — no banco de reservas —, Vitinho conseguiu uma saída por empréstimo para o Internacional. As previsões de que chegaria à seleção não se concretizaram, pelo menos até agora. No Flamengo, Vitinho tenta voar de uma forma que de avião não foi possível.
A primeira volta começou com uma semifinal de Libertadores em 2015 e terminou, no ano seguinte, com um inédito rebaixamento do Internacional à Série B. Apesar do ocaso, Vitinho não queria voltar à Rússia. O Inter, por sua vez, não desembolsou o dinheiro para mantê-lo. Para aceitar o retorno a Moscou com boa atitude, Vitinho sentiu a influência de um colega ex-Grêmio: o lateral Mário Fernandes, brasileiro naturalizado russo, que havia chegado ao CSKA um ano antes de Vitinho.
— Aprendi muito com o Mário a me comportar nos momentos de dificuldade — lembrou Vitinho em conversa com o GLOBO em maio. — Em algumas situações, quando via que eu estava abalado, ele sempre me dava incentivo nos jogos e nos treinos. Quando alguém falava de mim, ele intercedia a meu favor.
Entre a saída do Inter e o retorno ao CSKA, Vitinho teve três meses de inverno para se reposicionar. Durante a paralisação do Campeonato Russo, suspenso no período de baixas temperaturas, o técnico russo Leonid Slutsky encerrou quase uma década no clube e deu lugar ao bielorrusso Viktor Goncharenko, que permanece no comando do CSKA. Sob a batuta dele, adepto de um 3-5-2 agressivo no ataque, Vitinho encontrou seu espaço como segundo atacante, alternando entre as pontas e um posicionamento de interior, quase como um meia.
Nos últimos meses, Vitinho enfrentou a concorrência do nigeriano Ahmed Musa, ídolo do CSKA, que voltou ao clube após uma passagem apagada pelo Leicester. Apesar de ambos jogarem na mesma posição, Goncharenko sempre tentou encaixá-los juntos no time, valorizando a presença do brasileiro. Um novo momento também se desenhou fora de campo: a mulher, Hanna, e as duas filhas, Manuela e Maria Luiza, passaram a morar na Rússia. A família criou suas preferências na capital russa: a cantina Bocconcino e a steakhouse Chef, ambos na região central de Moscou.
— Já fui, já voltei. Quando a gente adquire maturidade, começa a se comportar de maneira diferente — disse Vitinho, aos 24 anos, após um empate com o Arsenal pela Liga Europa. Ressaltou que vivia um crescimento individual, evidenciado pelos dez gols marcados no Campeonato Russo — terminou a temporada como artilheiro do CSKA na competição. Agora, tenta vingar no clube do coração.
Fonte: https://oglobo.globo.com/esportes/saida-com-honras-vitinho-da-adeus-como-campeao-22928405
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