Após conquistar o bicampeonato da Supercopa do Brasil, no Mané Garrincha, o
técnico Rogério Ceni, em entrevista coletiva, exaltou mais uma conquista em
pouco tempo no comando rubro-negro e afirmou que o tamanho do rival valoriza
ainda mais triunfo. Poucos meses depois de conquistar o Brasileirão
2020, o comandante afirmou estar feliz com o "quarto título nacional dessa era
do Flamengo".
- Eu me sinto muito feliz. Ser campeão brasileiro em fevereiro, estamos em
abril e podemos comemorar outro título, tendo em vista o tamanho do nosso
rival, que valoriza ainda mais a nossa conquista. Os dois times que mais
venceram no Brasil no ano passado. Começamos com mais um grande jogo, o
horário talvez prejudique um pouco o desempenho das equipes, mas é um jogo que
fica marcado como especial. O quarto título nacional dessa era do Flamengo, e
o meu segundo no clube - exaltou.
Ao comentar sobre a atuação de Diego Alves, Ceni destacou que o arqueiro
retribuiu com grandes defesas o esforço da torcida para sua permanência no
rubro-negro. Durante a conquista, o arqueiro defendeu três pênaltis e foi
decisivo para o título, meses depois de passar por um período difícil de
lesões e uma renovação que demorou a ser confirmada.
- Fico feliz por alguns motivos. O primeiro deles é que em dezembro o Diego
estava para sair do Flamengo. Eu sei o valor da experiência de um goleiro aos
35 anos, o que ele pode acrescentar não só com defesas, mas no dia a dia, com
diálogo, comunicação. Eu acho que ele devolve muito à torcida o esforço feito
para ele ficar. Nos pênaltis, é mais fácil estar no gol do que como treinador.
É 100% mérito dele. É muito da percepção, muito intuitivo para o goleiro. Ele
acreditou até o fim. Dois pênaltis abaixo, faltando duas cobranças, é muito
difícil reverter. Só mostra o grande goleiro que ele é e o acerto que tivemos
ao mantê-lo por mais um ano - salientou o treinador rubro-negro.
O Flamengo volta a campo na próxima quarta no clássico contra o Vasco, às 21h
(de Brasília), no Maracanã. O duelo é válido pela nona rodada do Campeonato
Carioca, e caso o rubro-negro vença, voltará à liderança da competição
estadual.
Confira outras trechos da coletiva
Qual o mérito do título?
- Mérito não é em si do jogo, mas o planejamento que fizemos para estar aqui
neste momento. No começo do Carioca muitos questionaram a gente não estar
presente à beira do campo. Mas esse planejamento ajudou. Não tivemos o mesmo
teste que o Palmeiras teve, mas conseguimos dar alguns dias de folga e
trabalhar durante duas semanas. Muitas sessões de treinamento que ajudaram o
time a chegar numa condição física boa para tenta igualar o Palmeiras e no
final sair vencedor. Além da qualidade do grupo, notamos que todos têm prazer
de estar juntos todos os dias. É um clube que a camisa pesa muito. Nas
decisões ela falta alto sempre.
As estratégias do jogo
- Ele adotou um jogo mais faltoso. Fez com que diminuísse o ritmo do Flamengo.
Temos sempre bom toque de bola, envolvente. Um gramado mais seco do que
costumeiramente jogamos. Bateram bastante. Faltas nem sempre tão violentas,
mas que pararam muito o jogo. Talvez se adotássemos essa estratégia no segundo
tempo poderíamos ter diminuído o ritmo do jogo. No segundo tempo, o time foi
começando a cansar um pouquinho. Não tínhamos tido o teste que o Palmeiras
teve na quarta, acho que isso pesou um pouco. No fim, com as trocas, se o time
não fez um jogo brilhante, reconheço que foi abaixo do que fizemos no Carioca,
mas nos últimos cinco, 10 minutos, se fosse para existir um vencedor, seria o
Flamengo. Mas realmente tivemos um pedaço do segundo tempo em que jogamos
abaixo do que vínhamos jogando.
Substituições
- Se eu colocar o fim do jogo, realmente Michael teve boas jogadas
individuais, Vitinho também teve entrada mais competitiva. Everton, BH e
Gerson não queria tirar, mas não aguentava mais. Gabriel veio até o campo
pedindo para não tirar, mas ele disse que não aguentava mais. Michael entrou,
converteu a cobrança. João, quando começamos a perder o meio, tentei dar mais
proteção. Gerson e Everton cansados. Substituições foram muito mais para repor
fisicamente o time do que qualquer outra coisa. Não fizemos substituições
defensivas. Matheuzinho entrou porque o Isla tinha um cartão amarelo e começou
a ficar um jogo perigoso. As outras substituições são naturais, são as opções
que temos do meio para a frente.
A importância da experiência dos atletas
- Sou um cara muito feliz, porque os caras que trabalham comigo não lideram
apenas pelas palavras, mas pelo exemplo. Eu acho que essa geração de jogadores
mais experientes mostra que ainda tem fome de vencer. É o que falo para eles.
Principalmente os mais experientes. Filipe Luís, Diegos, Everton, Arão... Não
deixem essa oportunidade passar, construir essa era vencedora. Quando passar,
as pessoas vão achar que o tempo deles passou. O mais importante é: tem
oportunidade de ser campeão, aproveite, não deixe passar. Mostramos que essa
geração ainda continua honrando a camisa do Flamengo. Isso é o principal. O
caráter dos jogadores do Flamengo que contagia os mais jovens.
É o início de uma era de títulos?
- Eu espero que sim (o início de uma era de títulos). Espero que a gente
carregue no nosso coração sempre o desejo de ver o Flamengo lá em cima. Sei
que existem as desconfianças, as dúvidas, mas ninguém mais profissional,
ninguém tem mais desejo de ver esse time vencedor do que eu. Meu desejo hoje é
ver o Flamengo no ponto mais alto. Esse time mostrou que o coração vermelho e
preto continua batendo forte.
Solidariedade do grupo
- Para mim, os milhões que significam para eles são os mesmos 42 milhões que
vestem essa camisa. Esses caras têm bom coração, são do bem, têm boa alma, bom
caráter. Trabalhar com eles no dia a dia tem sido uma experiência maravilhosa.
Falo isso para o Diego, como aceitou trabalhar muito em função dos outros,
mesmo sendo um 10 consagrado. Filipe Luís a mesma maneira. Esses caras são
bons de lidar no dia a dia. O Arrasca é mais um menino assim. Além de
talentosíssimo, merecidíssimo o prêmio pra ele (melhor da partida). tem
coração bom. Isso, de uma maneira ou outra, reverbera para você no futuro.
Relação com o técnico Abel Ferreira
- Eu prefiro pensar(críticas do técnico português ao dizer que o Flamengo tem
o melhor juiz do futebol brasileiro). É um técnico europeu, uma pessoa que vem
de fora, extremamente educada. Prefiro pensar que foi num momento de calor do
jogo. Acho que é normal quando a derrota acontece, a gente tenta arrumar
subterfúgios. De cabeça mais fria, ele mudaria. Foi marcado um pênalti a favor
do Palmeiras. Acho que com a cabeça mais fria ele vai reconsiderar de decisão.
O Flamengo ganhou pelos seus méritos. O Palmeiras hoje é um time dificílimo de
se bater. Joga com características diferentes das nossas, mas nos enfrenta e
virou um grande clássico do futebol brasileiro. Temos que valorizar essa
vitória, e ele, mais do que citar a arbitragem, tem que valorizar a coragem de
seus atletas, que têm uma decisão na próxima quarta-feira (Recopa).
Como manter a motivação do grupo após o título?
- Depende. Tem que manter a chama acesa. Você tem que mostrar através do
exemplo, do dia a dia. Falei antes da entrevista. Perguntaram se o Flamengo
jogava o melhor futebol. Falei que tínhamos que mostrar no dia de hoje se
éramos merecedores de ser campeões. A cada dia, a cada competição que se
reinicia, se mantivermos esse espírito de competividade, aliada à qualidade.
Se conseguirmos uma ou outra peça para deixar o Flamengo mais forte. As voltas
do Thiago Maia, do Pedro. Se conseguimos nos manter firmes, com atitudes,
palavras e exemplos, vamos brigar por títulos.
VEJA AS ÚLTIMAS NOTÍCIAS
Fonte: https://www.lance.com.br/flamengo/rogerio-ceni-enaltece-conquista-elogia-diego-alves-mostra-grande-goleiro-que-ele.html
Imagem: Alexandre Vidal
0 Comentários
Deixe seu comentário