Em restante de entrevista ao GE, Jesus fala sobre títulos, pressão no Fla, pedido por atacante e treinos



Apontado em 2016 como 10º melhor técnico do mundo pela conceituada revista inglesa "Four Four Two", Jorge Jesus sempre foi considerado um treinador de prestígio, mas de frases fortes ou polêmicas. E uma de suas declarações mais marcantes foi em 2014, quando ainda estava no Benfica e disse:




– Acho que sou o melhor treinador do mundo, mas isso só vou poder justificar quando ganhar a Champions.


Em junho, quando chegou ao Brasil para trabalhar, antes de viver o atual sucesso com o Flamengo, voltou a fazer a afirmação, só que rindo, durante um vídeo com o Cartolouco:






Na última parte da exclusiva com o Mister, feita semana passada no Ninho do Urubu, o Globo Esporte resolveu colocar o assunto a limpo e perguntou ao treinador se ele realmente se considera o melhor. E o português mudou o discurso:

– Já disse isso em Portugal. Só me considero o melhor técnico no dia que eu ganhar a Champions. Como sou o melhor se não ganho títulos internacionais? Fui à duas finais (de Liga Europa, contra Sevilla-ESP e Chelsea-ING) e uma semifinal (contra o Braga-POR), mas não as ganhei. Em Portugal ganhei tudo. Agora, para ser o melhor tem que ganhar a Libertadores, o Brasileiro, tem que chegar ao Mundial de Clubes e ganhar. Se eu ganhar, aí eu digo: "Eu sou o melhor" – ponderou.



Confira outras respostas de Jesus:

APRENDIZADO COMO TREINADOR
– Há algumas coisas científicas que vamos adaptando, e também outras importantes. Para ser um treinador top não pode só entender de futebol. Não pode só perceber o que passa ali dentro (aponta para o campo). Há um filósofo do futebol em Portugal, Manuel Sérgio, que diz: "Se quer ser um grande treinador não pode perceber só o futebol, tem que ir além do futebol". E eu não só fui indicado por ele assim, mas na prática também sei que é verdade.

NÍVEL DO FUTEBOL BRASILEIRO E SUL-AMERICANO
– O Brasileiro é muito forte, muito competitivo e apaixonante. Em Portugal vemos muito o Campeonato Brasileiro, mas em outros países da Europa, pelo que eu saiba, não veem, não sabem da qualidade. Conhecem a qualidade do jogador brasileiro, mas não a do campeonato. Penso que o Brasil vai começar a projetar seu campeonato para Europa. No caso do Flamengo, é muito falado em Portugal. O Brasileiro na minha opinião é um dos mais fortes do mundo, com muita qualidade.



SIGNIFICADO DE UM TÍTULO DA LIBERTADORES
– Foi com essa ideia que eu vim. Eu estava habituado a ver a Libertadores. Nós já vimos em Portugal, mas não sentimos como vocês sentem paixão e a grandeza que a Libertadores tem. A Champions no mundo, na Europa, tem uma importância muito grande porque é importante financeiramente para um clube.

– Por isso que é importante para um treinador, seja na Espanha, Portugal, Itália, ser campeão nacional. Porque os torcedores querem que seja campeão, e ao ser campeão automaticamente é classificado para a Champions. Só para entrar na Champions, são 40 milhões de euros. Cada vitória na Champions são 3 milhões de euros. Na Libertadores nem vale a pena falar nesses números.



CHAMPIONS X LIGA EUROPA
– Em um desses fóruns que fui, na Suíça, saltou à mesa porque nós, treinadores, não dávamos importância à Liga Europa. Porque só a Champions? O (Michel) Platini (ex-presidente da UEFA) e o (Gianni) Infantino (presidente da Fifa) estavam lá, e expliquei isso a eles: "Se estou a treinar o Benfica e estou na frente, o que é mais importante, é ser campeão em Portugal ou ganhar a Liga Europa?

– Se ganho em Portugal sou campeão e vou estar na Champions, a partir de 40, 50 milhões. Se ganharmos a Liga Europa o que temos? 1 milhão, 2 milhões? Então não conta para nada. Querem dar importância, mudar o chip da Liga Europa para os treinadores? Então proponham: quem for à final é automaticamente classificado para a Champions". Eles aceitaram a minha ideia, hoje todos os treinadores querem chegar à final da Europa League.



PRESSÃO NO FLA X GRANDES CLUBES PORTUGUESES
– É igual, mas aqui são mais (torcedores). Nos meios de comunicação também. Lá, todos os dias falam do Benfica, Sporting, do Porto e agora do Flamengo. Aqui são 40 milhões. É preciso fazer as coisas com consciência e tranquilidade. É isso que eu e os jogadores do Flamengo fazemos.

FORÇA DO ELENCO
– Logo que fui contratado pedi um centroavante. Achava que... Achava não, cada vez acho mais que é uma lacuna que o Flamengo tem. Precisamos. Não sei se ainda é possível, acho que não. Sem o Léo (Duarte), Diego e Cuéllar, a quantidade e a qualidade do Flamengo ficou inferiorizada.



DESEJO POR CENTROAVANTE
– Quando se fala de centroavante... O Bruno eu adaptei. O Gabi eu adaptei. Falo sobre centroavante com características diferentes. O Bruno e o Gabi jogavam por fora. O Gabi já começou a jogar um pouco por dentro. Quando estava no Benfica e Inter de Milão, não jogou muito, mas sempre foi por fora. Fui tentando tirar o máximo deles.

– Futebol é momento. Há momentos bons, outros não tão bons, e há os ruins. Queremos ter mais momentos bons, mas todos os times passam por esses momentos.

TREINOS NOS DIAS DOS JOGOS
– Não é só no Brasil, na Europa também não é muito comum. Agora já é, já faço isso há alguns anos, e muita gente me segue. Aqui, quando os horários são muito mais para o fim do dia, nós trabalhamos na manhã do dia do jogo.



REFERÊNCIA COMO EQUIPE
– O Brasil teve grandes seleções. Hoje já não ganha há alguns anos a Copa (do Mundo), mas ganhava. Nos anos 80 era uma das seleções mais fortes do mundo, senão a mais forte, porque tinha um futebol que hoje ainda está na moda. Aquela forma de jogar muito com a bola no pé. Hoje, se olhar para uma das referências do mundo que é o Manchester City, o treinador é o Pep Guardiola, é um pouco disso: bola no pé até arranjar os momentos dos passes, da decisão.

POSSE DE BOLA
– Todos os treinadores gostam de fazer, e pedem para fazer posse de bola. Mas posse de bola para quê? Qual é o objetivo? Eu durante seis anos fui convidado sempre para seminários da UEFA sobre futebol, e já fiz essa pergunta lá. Foi complicado para muitos (responderem), e estavam lá os melhores. Há vários objetivos. A grandeza do futebol é criatividade. Não há um livro, um cardápio, que diga: vamos ler isto e você treinador vai passar a ganhar sempre. Isso não existe.



PARA QUE SERVE A POSSE DE BOLA?
– Tem vários objetivos. Os treinadores querem fazer posse de bola porque não perder a bola tem mais hipótese de fazer gol e menos de sofrer. Isso é um princípio. O primeiro objetivo é o gol. Faz posse para quê? Para fazer gol. Mas para fazer gol tem vários requisitos para que esta posse de bola tenha objetivos. E isso tem muitos, mas eu não digo, fico sempre para mim.


Fonte: https://globoesporte.globo.com/futebol/times/flamengo/noticia/melhor-tecnico-do-mundo-jesus-muda-discurso-tem-que-ganhar-libertadores-brasileiro-mundial.ghtml

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