Custo para realização de um jogo no Maracanã aumentou 73% depois da obra para a Copa



Quanto custa um jogo no Maracanã? Os gastos elevados para se realizar uma partida no estádio vinham sendo alvos de críticas até o Governo do Estado do Rio de Janeiro rescindir o contrato com o consórcio "Maracanã S/A" nesta semana. Principais afetados, por terem o palco como mando de campo, Flamengo e Fluminense acumularam prejuízos ou lucros irrisórios com bilheterias nos últimos tempos, até mesmo com lotação máxima. O que levanta dois argumentos:



Desde quando o Maracanã ficou "inviável" economicamente?
E por que há tantas (e altas) despesas para utilizar o estádio?
Ao menos para a primeira pergunta já há uma resposta. O matemático Lauro Araújo estuda os borderôs das partidas há mais de 10 anos e analisou os documentos, a pedido do GloboEsporte.com, desde o Campeonato Carioca de 2010, que foi o último ano de funcionamento do estádio antes do fechamento para as obras da Copa do Mundo e do início de sua concessão em 2013 – período em que passou a ser conhecido como "novo Maracanã".

Naquele Estadual, o Maracanã recebeu 21 jogos, com média de despesa de R$ 240.699,00 por partida. Corrigindo o valor pelo Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a quantia nos dias atuais seria equivalente a R$ 406.559,00. Já em 2019, os 16 jogos do Carioca até agora no estádio tiveram um custo médio de R$ 703.936,00. Ou seja, um aumento de 73% já acima da inflação (veja a evolução dos gastos no gráfico abaixo).




Obs: as despesas passaram de R$ 1 milhão em 2016 e 2017, mas quando o estádio só foi usado nos jogos finais.

– Neste campeonato de 2010, a despesa ficava com 47% da renda, enquanto 53% iam para os clubes. Em 2019, a despesa média fica com 119% da bilheteria. Ou seja: o custo é maior do que a renda. Na prática, os clubes pagam para jogar no Maracanã – apontou o matemático.

Por sua vez, o ticket médio – referente ao valor da renda dividido pelo número de ingressos vendidos – seguiu caminho oposto e, ao invés de aumentar, abaixou. Se em 2010 o preço era de R$ 31,58 (ou R$ 53,34 pelo valor corrigido com a inflação), os bilhetes atuais no Maracanã têm um custo médio de R$ 28,41 no Carioca (veja a evolução dos preços no gráfico abaixo):




– O público de 2010 no Maracanã foi de 16.347 por jogo, incluindo os jogos finais, que geralmente ficam mais cheios. O público de 2019 está em 20.774 e o campeonato ainda não acabou, ou seja, ainda vai aumentar na reta final e já é 27% maior do que de 2010. O que justifica um aumento de despesa com segurança, confecção de ingressos etc, mas também deveria significar maior lucro para os clubes com bilheteria, e não é o que está acontecendo – observou Araújo.

Despesa menor só que o Mané Garrincha
No ano passado, considerando os borderôs de todos os jogos do Campeonato Brasileiro, o Maracanã terminou como o segundo estádio "mais caro do Brasil", com uma despesa média de R$ 831.230,00 para cada um dos 36 jogos que recebeu. Ficou atrás apenas do Mané Garrincha, em Brasília, que recebeu três partidas na Série A e teve um custo médio de R$ 956.727,00.




A Arena Palmeiras também teve uma despesa média considerada alta no último Brasileiro, com R$ 738.698,00 para cada um dos 15 jogos que recebeu. A diferença é que no estádio do Verdão e no Mané Garrincha, mesmo com custos elevados, os gastos representaram apenas 33,8% e 38,7% das receitas, respectivamente. No Maracanã, comprometeram 100% da bilheteria.

As altas despesas seriam um problema exclusivo do Rio de Janeiro? Coincidentemente, outros dois estádios da cidade usados no Brasileirão do ano passado apresentam, junto com o Maracanã, as piores relações custo-benefício: o Engenhão, popularmente rebatizado de Nilton Santos, teve 184,8% de sua bilheteria tomada pelas despesas (ou seja, teve que pagar quase o dobro do que lucrou), enquanto em São Januário foi de 99,5% (isto é, obteve apenas 0,5% da renda).




O que diz o consórcio "Maracanã S/A"?

Em nota divulgada para a imprensa no início da semana, quando lamentou a decisão do Governo de rescindir o contrato vigente, o consórcio "Maracanã S/A" abordou o tema dos gastos elevados. Os administradores lembraram que a operação do estádio tem sido de responsabilidade dos próprios clubes, que não recebem recursos públicos e alegaram que a única forma de reduzir os custos é se o Estado passar a subsidiar o futebol. Confira abaixo:

SUDERJ ou FERJ: O retorno da administração do Maracanã e do Maracanãzinho à Suderj ou à Ferj não garante a redução dos preços dos ingressos e tampouco o custo de operação do estádio, que já é realizada pelos clubes durante as partidas. A única forma de isso acontecer é o governo passar a subsidiar o futebol, deixando de enviar recursos a áreas prioritárias como saúde, educação e segurança. Além disso, é de conhecimento público as mazelas ocorridas no passado quando o Maracanã era a administrado pela Suderj.

GASTOS: importante ressaltar nesse contexto que o CME (Complexo Maracanã Entretenimento) opera o estádio sem nenhum recurso público. Além da geração de milhares de empregos diretos e indiretos com a operação do estádio e do ginásio, os poderes públicos municipal e federal são beneficiados com a arrecadação de impostos.



Fonte: https://globoesporte.globo.com/rj/futebol/campeonato-carioca/noticia/custo-para-realizacao-de-um-jogo-no-maracana-aumentou-73percent-depois-da-obra-para-a-copa.ghtml

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